Corrupção não está mais “debaixo do tapete”, diz Gilberto Carvalho

BRASÍLIA – O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República) afirmou na manhã de ontem que os órgãos de fiscalização e controle do governo federal nunca tiveram tanta autonomia e liberdade até mesmo quando "cortam na própria carne".
"A impressão de que há mais corrupção agora não é real. O que há mais agora é que as coisas não estão mais embaixo do tapete", disse o ministro, antes do seminário internacional Desafios da Construção da Democracia no Mercosul, em Brasília.
Questionado se o governo apoia ações do Ministério Público, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da República "doa a quem doer", o ministro respondeu: "Sempre foi assim".
Carvalho, contudo, não quis falar especificamente sobre os desdobramentos da Operação Porto Seguro, da PF, que flagrou um esquema corrupção e tráfico de influência com participação de diretores de agências reguladoras, da ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo e de outros funcionários do governo federal. Todos os envolvidos foram exonerados ou afastados dos cargos.
Crítica aos tucanos – Numa crítica explícita aos tucanos, o ministro, que foi chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez questão de dizer que foi a partir do governo Lula, em 2003, que os órgãos de controle tiveram o aval do governo para agir de forma autônoma.
"Os órgãos todos de vigilância, fiscalização estão autorizados e com toda liberdade garantida pelo governo. Eu quero insistir nisso, não é uma autonomia que nasceu do nada, porque antes não havia essa autonomia, nos governos Fernando Henrique não havia autonomia, agora há autonomia, inclusive quando cortam na nossa própria carne", disse o ministro.
O ministro destacou a liberdade de ação não apenas dos órgãos de controle diretamente ligados ao governo federal -PF (Polícia Federal) e CGU (Corregedoria Geral da União)-, como também ressaltou a autonomia do Ministério Público.