Crer em Jesus Cristo…
Já haveria verdadeira fé, se declarasse e mantivesse que é verdade o que Ele disse? Não seria senão um início.
CRER É ir à Escola de Cristo com tudo quanto comporta a vida humana, com seu pensamento, o seu coração, os seus sentimentos, a sua intuição.
Cristo não se alinha entre os filósofos para ensinar uma melhor filosofia, – entre os moralistas para anunciar uma moralidade mais pura, – entre os gênios religiosos para conduzir a uma experiência mais profunda do mistério da existência.
– O homem deve tomar a sua cruz, renunciar a si, dar a sua vida por Cristo para encontrá-la verdadeiramente.
CRER É VER e correr o risco de que Cristo seja a verdade não apenas um doutrinador, como tantos outros e ainda que seja o maior de todos, e nessa medida submetida à norma geral de toda a verdade, mas a própria Verdade. A Verdade que Ele é Jo 14,6.
– Paulo fala do sentido eminente do conhecimento de Jesus Cristo, na qual reside a salvação (Fil 3,8). Refere-se aí não ao conhecimento que vem das investigações históricas ou de instituições psicológicas, mas do conhecimento provindo da fé e do amor. Ele vem de um contato do íntimo do cristão com o íntimo do Senhor e que se revela então quem é Jesus Cristo. Mas como o Senhor é o próprio poder, este conhecimento tem por efeito colocar o cristão sob a influência transformadora de Cristo.
– Jesus é perante o mundo um começo puro, um novo ponto de partida. O amor de Deus tornou-se homem em Cristo, traduziu-se numa existência humana autêntica, moldou-se na forma dos pensamentos humanos e exprimiu-se na linguagem de um Galileu desse tempo, foi condicionado pela situação política, social e cultural da época, como pelas circunstâncias do momento, mas de uma tal maneira a Fé, libertando os olhos e o coração, veja no Homem Jesus as disposições interiores do Filho de Deus.
– É o sentido das palavras: “Vim lançar o fogo sobre a terra, e que quero Eu senão que ele já se tenha ateado?” (Lc 12,49). É o fogo da renovação. Não apenas a “Verdade” ou o “Amor”, mas o fogo da criação nova. Como isto é sério, mostram-no as palavras seguintes: “Tenho um batismo para receber e que angústia não sinto até que ele se realize!” (Lc 12,50). O “Batismo” é o mistério da profundidade criadora: seio maternal e túmulo, nascimento e morte. Eis o que atravessa Jesus uma vez que o endurecimento dos homens Lhe não permite um outro caminho. Deve descer até à terrível aniquilação de Si próprio, para encontrar a fonte profunda da criação divina, onde se fundará a vida redimida dos homens. – É saber que do outro lado não existe apenas um fim, uma tarefa, mas ele, a própria Vida. Ele quer que eu O conheça; quer que eu reúna ao seu o meu amor; vem ao meu encontro e quer que eu me dirija a Ele. É com uma tal confiança que devo pensar n’Ele. Não apenas com a razão, mas com a saudade do meu coração. Devo esperá-Lo, concentrar-me n’Ele; prestar a minha atenção; chamá-Lo; tornar-me capaz de O acolher.
– RECONHECER CRISTO implica imediatamente aceitar a sua vontade como norma. Só unindo-nos à sua vontade chegamos a esse começo que é Ele próprio.
– Aqui vemos ao mesmo tempo por uma forma diversa, a seriedade da Redenção. Na vida quotidiana deparamos com o homem normal, tal como ele se nos apresenta. Mas atrás d’Ele, diz-nos Jesus, perfila-se à Sua figura. O que acontece a esse homem acontece-lhe a ele. Num sentido real, excedendo tudo quanto podemos pensar de nós próprios, o Senhor tornou-Se nosso IRMÃO. Não somente um de entre nós, ou mesmo Aquele que tomou sobre Si nosso pecado, mas o ADVOGADO de cada homem, olhando as questões de cada um como se fossem as suas próprias. Todo o homem, mesmo o mais forte e o mais hábil, está um pouco ao abandono, pois o pecado lançou-o num deserto. Cristo veio e tornou seu o destino de cada homem. Está agora atrás de cada homem, e tudo o que acontece a este homem, O atravessa e atinge Cristo, que lhe dá o seu verdadeiro peso. O Serviço feito a um homem é-Lhe feito a Si e por aí recebe um valor eterno – uma recompensa ou não.
CRER É ir à Escola de Cristo com tudo quanto comporta a vida humana, com seu pensamento, o seu coração, os seus sentimentos, a sua intuição.
Cristo não se alinha entre os filósofos para ensinar uma melhor filosofia, – entre os moralistas para anunciar uma moralidade mais pura, – entre os gênios religiosos para conduzir a uma experiência mais profunda do mistério da existência.
– O homem deve tomar a sua cruz, renunciar a si, dar a sua vida por Cristo para encontrá-la verdadeiramente.
CRER É VER e correr o risco de que Cristo seja a verdade não apenas um doutrinador, como tantos outros e ainda que seja o maior de todos, e nessa medida submetida à norma geral de toda a verdade, mas a própria Verdade. A Verdade que Ele é Jo 14,6.
– Paulo fala do sentido eminente do conhecimento de Jesus Cristo, na qual reside a salvação (Fil 3,8). Refere-se aí não ao conhecimento que vem das investigações históricas ou de instituições psicológicas, mas do conhecimento provindo da fé e do amor. Ele vem de um contato do íntimo do cristão com o íntimo do Senhor e que se revela então quem é Jesus Cristo. Mas como o Senhor é o próprio poder, este conhecimento tem por efeito colocar o cristão sob a influência transformadora de Cristo.
– Jesus é perante o mundo um começo puro, um novo ponto de partida. O amor de Deus tornou-se homem em Cristo, traduziu-se numa existência humana autêntica, moldou-se na forma dos pensamentos humanos e exprimiu-se na linguagem de um Galileu desse tempo, foi condicionado pela situação política, social e cultural da época, como pelas circunstâncias do momento, mas de uma tal maneira a Fé, libertando os olhos e o coração, veja no Homem Jesus as disposições interiores do Filho de Deus.
– É o sentido das palavras: “Vim lançar o fogo sobre a terra, e que quero Eu senão que ele já se tenha ateado?” (Lc 12,49). É o fogo da renovação. Não apenas a “Verdade” ou o “Amor”, mas o fogo da criação nova. Como isto é sério, mostram-no as palavras seguintes: “Tenho um batismo para receber e que angústia não sinto até que ele se realize!” (Lc 12,50). O “Batismo” é o mistério da profundidade criadora: seio maternal e túmulo, nascimento e morte. Eis o que atravessa Jesus uma vez que o endurecimento dos homens Lhe não permite um outro caminho. Deve descer até à terrível aniquilação de Si próprio, para encontrar a fonte profunda da criação divina, onde se fundará a vida redimida dos homens. – É saber que do outro lado não existe apenas um fim, uma tarefa, mas ele, a própria Vida. Ele quer que eu O conheça; quer que eu reúna ao seu o meu amor; vem ao meu encontro e quer que eu me dirija a Ele. É com uma tal confiança que devo pensar n’Ele. Não apenas com a razão, mas com a saudade do meu coração. Devo esperá-Lo, concentrar-me n’Ele; prestar a minha atenção; chamá-Lo; tornar-me capaz de O acolher.
– RECONHECER CRISTO implica imediatamente aceitar a sua vontade como norma. Só unindo-nos à sua vontade chegamos a esse começo que é Ele próprio.
– Aqui vemos ao mesmo tempo por uma forma diversa, a seriedade da Redenção. Na vida quotidiana deparamos com o homem normal, tal como ele se nos apresenta. Mas atrás d’Ele, diz-nos Jesus, perfila-se à Sua figura. O que acontece a esse homem acontece-lhe a ele. Num sentido real, excedendo tudo quanto podemos pensar de nós próprios, o Senhor tornou-Se nosso IRMÃO. Não somente um de entre nós, ou mesmo Aquele que tomou sobre Si nosso pecado, mas o ADVOGADO de cada homem, olhando as questões de cada um como se fossem as suas próprias. Todo o homem, mesmo o mais forte e o mais hábil, está um pouco ao abandono, pois o pecado lançou-o num deserto. Cristo veio e tornou seu o destino de cada homem. Está agora atrás de cada homem, e tudo o que acontece a este homem, O atravessa e atinge Cristo, que lhe dá o seu verdadeiro peso. O Serviço feito a um homem é-Lhe feito a Si e por aí recebe um valor eterno – uma recompensa ou não.
(Texto redigido a partir de: O Senhor – Romano Guardini – pgs. 196-197)