Criação de barreiras para etanol importado atende reivindicação do setor

Os produtores de etanol do Paraná consideram que a criação de uma cota e de uma tarifa para a importação do combustível, aprovada na última quarta-feira pela Câmara do Comércio Exterior (Camex), foi uma conquista para o setor.
O presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Miguel Rubens Tranin, disse ter recebido a medida como “uma boa notícia”, justificando que a livre importação, da forma como vinha acontecendo, desestimulava a indústria nacional.
COMO FICA – A decisão da Camex é válida por 24 meses e, após esse prazo, será feita uma nova avaliação. Ficou definido que a importação de até 600 milhões de litros ao ano permanece livre de tarifa. Acima disso, o volume será tributado em 20%, com o controle, a cada três meses, a cargo do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
CONCORRÊNCIA DESLEAL – Tranin explicou que o etanol vem sendo trazido dos Estados Unidos, onde é subsidiado, em quantidades cada vez maiores, tirando a competitividade do produto nacional “em um quadro de concorrência desleal”. De janeiro a junho deste ano, o Brasil importou 1,3 bilhão de litros, 320% a mais na comparação ao mesmo período em 2016, quando foram internalizados 832 milhões de litros. “Importar estava sendo uma estratégia fácil para as tradings, mas isso vinha causando danos à indústria brasileira de etanol, que já enfrenta muitas dificuldades e, mesmo assim, continua sendo uma importante geradora de empregos”, acrescentou.
ARTICULAÇÃO – Nas últimas semanas, o presidente da Alcopar e várias outras lideranças do segmento, com a ajuda do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, intensificaram esforços junto a setores do governo federal para definir uma cota e estabelecer a tributação. De acordo com Tranin, as gestões foram feitas até mesmo junto ao deputado federal paranaense Ricardo Barros, atual ministro da Saúde, que ajudou nas articulações.
EM SINTONIA – Para entidades como a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a decisão da Camex está em consonância com as demandas do setor. A entidade avalia que a alíquota de 20% sobre cotas que ultrapassem 600 milhões de litros de etanol ao ano trará maior equilíbrio à indústria de etanol, “que vem sentindo um significativo impacto em decorrência do aumento de importação do biocombustível nos últimos meses”.
No Paraná, o setor de bioenergia, com 26 unidades produtoras de etanol, deve registrar neste ano (safra 2017/2018), um total de 1,176 bilhão de litros, 13,2% a menos em comparação ao ciclo anterior (2016/2017), que foi de 1,376 bilhão de litros, segundo dados da Alcopar. A redução é creditada, em grande parte, à crise que assola o segmento e dificulta a renovação dos canaviais. (Flamma)