Crise no setor canavieiro provoca fechamento de usinas e demissões
RIBEIRÃO PRETO (FOLHAPRESS) – Crise na economia brasileira, excesso de açúcar no mundo e custo de produção superior ao valor de venda.
Esse conjunto de problemas nos meses iniciais da safra de cana-de-açúcar confirmou a previsão pessimista feita pelo setor sucroenergético para a safra 2015/16 e já resultou no fechamento de usinas, em demissões e pedidos de recuperação judicial.
A Usina Albertina, em Sertãozinho (noroeste de São Paulo), teve falência decretada, após seis anos de recuperação judicial. Na mesma região, a Usina Ibirá, de Santa Rosa de Viterbo, interrompeu as atividades.
No Triângulo Mineiro, outras duas usinas foram fechadas e há uma com as atividades suspensas. Já em Rio Verde (GO), uma usina entrou em recuperação judicial.
Uma das explicações para o problema, segundo diretores de usinas ouvidos pela reportagem e especialistas, é a baixa remuneração do açúcar e do etanol, frente a custos de mão de obra que crescem cerca de 10% ao ano. Isso deixou o setor sem recursos financeiros.
Para o diretor-técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), Antonio de Padua Rodrigues, resta aos produtores processar a cana e colher, até pensando nas próximas safras, independentemente do cenário atual.
"Não tem o que fazer, tem é que enfrentar esses problemas. É preciso processar e colher, caso contrário no ano que vem não haverá canavial a ser colhido", afirmou.
MAIS FECHAMENTOS – Segundo ele, o fechamento de usinas e pedidos de recuperação judicial ainda persistirão no decorrer da safra.
"Temos notado uma deterioração da margem das usinas ao longo dos anos. A saída tem duas portas, que são a da geração de energia elétrica e corte na pele, de mão de obra e custos", afirmou o pesquisador Haroldo Torres, do Pecege (Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas), da Esalq/USP.
Dados do programa mostram que o custo do açúcar chegou a R$ 942 (tonelada) na safra passada, ante o preço de venda de R$ 916 (-2,8%). Enquanto isso, o metro cúbico de etanol hidratado (usado diretamente nos carros flex) custou R$ 1.410, mas foi vendido a R$ 1.242 (-11%). Já a eletricidade teve custo de R$ 107 por MWh, com preço de venda de R$ 266.
Para esta safra, a previsão do mercado é que a tonelada de cana gere um custo total entre R$ 87 e R$ 90 às usinas, que só devem receber cerca de R$ 70 com o mesmo volume da planta.
A falta de rentabilidade do açúcar se explica pelo excesso do produto no mercado global. Em junho, a cotação chegou a ser a menor em seis anos e meio na Bolsa de Nova York.
A previsão do setor é que cerca de dez usinas encerrem as atividades na atual safra. Desde 2008, foram 50 paralisações, de um total de cerca de 370.
Esse conjunto de problemas nos meses iniciais da safra de cana-de-açúcar confirmou a previsão pessimista feita pelo setor sucroenergético para a safra 2015/16 e já resultou no fechamento de usinas, em demissões e pedidos de recuperação judicial.
A Usina Albertina, em Sertãozinho (noroeste de São Paulo), teve falência decretada, após seis anos de recuperação judicial. Na mesma região, a Usina Ibirá, de Santa Rosa de Viterbo, interrompeu as atividades.
No Triângulo Mineiro, outras duas usinas foram fechadas e há uma com as atividades suspensas. Já em Rio Verde (GO), uma usina entrou em recuperação judicial.
Uma das explicações para o problema, segundo diretores de usinas ouvidos pela reportagem e especialistas, é a baixa remuneração do açúcar e do etanol, frente a custos de mão de obra que crescem cerca de 10% ao ano. Isso deixou o setor sem recursos financeiros.
Para o diretor-técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), Antonio de Padua Rodrigues, resta aos produtores processar a cana e colher, até pensando nas próximas safras, independentemente do cenário atual.
"Não tem o que fazer, tem é que enfrentar esses problemas. É preciso processar e colher, caso contrário no ano que vem não haverá canavial a ser colhido", afirmou.
MAIS FECHAMENTOS – Segundo ele, o fechamento de usinas e pedidos de recuperação judicial ainda persistirão no decorrer da safra.
"Temos notado uma deterioração da margem das usinas ao longo dos anos. A saída tem duas portas, que são a da geração de energia elétrica e corte na pele, de mão de obra e custos", afirmou o pesquisador Haroldo Torres, do Pecege (Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas), da Esalq/USP.
Dados do programa mostram que o custo do açúcar chegou a R$ 942 (tonelada) na safra passada, ante o preço de venda de R$ 916 (-2,8%). Enquanto isso, o metro cúbico de etanol hidratado (usado diretamente nos carros flex) custou R$ 1.410, mas foi vendido a R$ 1.242 (-11%). Já a eletricidade teve custo de R$ 107 por MWh, com preço de venda de R$ 266.
Para esta safra, a previsão do mercado é que a tonelada de cana gere um custo total entre R$ 87 e R$ 90 às usinas, que só devem receber cerca de R$ 70 com o mesmo volume da planta.
A falta de rentabilidade do açúcar se explica pelo excesso do produto no mercado global. Em junho, a cotação chegou a ser a menor em seis anos e meio na Bolsa de Nova York.
A previsão do setor é que cerca de dez usinas encerrem as atividades na atual safra. Desde 2008, foram 50 paralisações, de um total de cerca de 370.