Decepção em 2014, Messi é “zebra” em prêmio da Fifa

SÃO PAULO – Lionel Messi, melhor do mundo em 2009, 2010, 2011 e 2012 e segundo colocado em 2007, 2008 e 2013, nunca foi tão zebra quanto em 2014.
Sem título na temporada e três lesões, o argentino chega à premiação da Bola de Ouro da Fifa, nesta segunda-feira, em Zurique (Suíça), com problemas também fora de campo – é o pivô de barulhenta crise no Barcelona.
Messi tenta reconquistar o cetro contra o atacante português Cristiano Ronaldo (Real Madrid) e o goleiro alemão Manuel Neuer (Bayern de Munique), na condição de, pela primeira vez, ser a "terceira força" na premiação.
Nos sites de apostas da Europa, Ronaldo é favorito absoluto, seguido por Neuer.
Em alguns destes sites, como o Bet365 – um dos maiores do mundo, com 14 milhões de apostadores em cerca de 200 países -, Messi é tão zebra que a casa paga US$ 34 para cada US$ 1 apostado.
No caso de Cristiano Ronaldo, a Bet365 paga US$ 1,22 por dólar apostado – com Neuer, o prêmio é de US$ 4 para cada dólar do apostador.
O pouco favoritismo de Messi levou até Maradona, o histórico craque argentino, a apostar no alemão Neuer.
Mas Messi não joga a toalha. "Leo sempre está otimista", resumiu à reportagem o pai do jogador, Jorge Messi. Questionado sobre o ano conturbado do filho, não respondeu.
Messi teve a melhor Copa de sua carreira em 2014 e foi eleito o melhor do torneio. Mas decepcionou nas partidas decisivas -perdeu a final para a Alemanha – e até o presidente da Fifa, Joseph Blatter criticou a escolha.
"O Barcelona percebeu que não pode mais depender tanto de Messi para fazer gols porque, com o passar do tempo, ele se transformou em um jogador diferente. Começou a ter lesões, o que antes não acontecia", observou o ex-zagueiro do Barcelona e da Espanha, Miguel Ángel Nadal.
Foram três lesões musculares no ano. Até então, ele se acostumara a estar em todos os jogos. Apesar disso, fez 50 gols em 52 partidas, somando Barcelona e Argentina.
"Messi é um jogador que precisa da explosão física. Quando se lesiona, deve ser cuidadoso na volta. E ele se machucou mais do que o normal em 2014", afirma o preparador físico Fernando Signorini, que trabalhou com o camisa 10 na seleção argentina na Copa da África-2010.
SEM TÍTULOS – Geralmente, o prêmio de melhor do mundo vai para quem ganhou títulos no ano.
A exceção foi em 2013. O Real Madrid não foi campeão de nada, mas Cristiano Ronaldo faturou o troféu por causa da atuação por Portugal contra a Suécia, nas eliminatórias para a Copa – fez três gols e, praticamente sozinho, classificou a equipe.
Messi fez muitos gols, mas não teve uma atuação memorável e decisiva no ano. Neuer foi o melhor goleiro da Copa e levou a taça para casa.
Tão incomum foram os últimos 12 meses para Messi que seus problemas fora de campo chegaram a ofuscar o desempenho dentro – algo que ocorria mais com Cristiano Ronaldo do que com ele.
Voltou a ser notícia por problemas fiscais na Espanha envolvendo seu pai. Entrou em bate-boca com dirigente do clube catalão, a imprensa argentina chegou a cogitar que ele abandonaria a seleção e as notícias são que tem relação ruim com Luis Enrique, técnico do Barcelona.
Isso não combina com a imagem do jogador sossegado, preocupado com a família e os amigos e sem atritos com ninguém. Era este o Messi melhor do mundo de 2009 a 2012. Não o de 2014.
Nunca se falou tanto sobre a possibilidade de ele deixar o Barcelona quanto agora. E será surpresa se ele for escolhido pela Fifa como melhor jogador do mundo em 2014.

Messi em campo neste domingo
Messi entra em campo pelo Barcelona contra o Atlético de Madri pelo Espanhol neste domingo (11), às 18h (de Brasília), no Camp Nou.
Em maio de 2014, o clube  perdeu a chance de título nacional neste mesmo confronto, ao ficar no 1 a 1. O Atlético foi campeão.
Messi começa a partida no centro de outra polêmica. A TV3, da Espanha, divulgou que o presidente Josep Maria Bartomeu prometeu ao argentino a demissão do técnico Luis Enrique. Os rumores são que treinador e atacante são desafetos. O dirigente catalão negou.