Defesa dos 12 corintianos presos quer que menor vá à Bolívia

ORURO, BOLÍVIA – A defesa dos 12 corintianos presos em Oruro pela morte do estudante Kevin Beltrán Espada quer que o adolescente que confessou o crime em São Paulo se entregue às autoridades da Bolívia.
Esta é uma das possibilidades estudadas pelos advogados dos presos.
O primeiro passo para tentar libertar os 12 presos, segundo a defesa, é convencer as autoridades bolivianas de que a confissão do menor feita no Brasil não é uma farsa.
No dia 20 de fevereiro, no jogo entre San José e Corinthians pela Libertadores, Kevin Beltrán Espada morreu ao ser atingido na cabeça por um sinalizador disparado da torcida do Corinthians.
Desde então há 12 torcedores do Corinthians presos em Oruro. Menos de uma semana após a tragédia, um adolescente, membro da Gaviões da Fiel, confessou o crime em Guarulhos, mas a confissão foi ignorada pelas autoridades bolivianas.
Ricardo Cabral, advogado que conduziu a confissão do adolescente em São Paulo, afirmou que não há a menor possibilidade de levar o jovem para a Bolívia.
"Não existe essa possibilidade, o governo não extradita brasileiros natos, muito menos menores de idade. Ele está sendo processado aqui por um crime cometido lá", declarou o advogado.
Outra hipótese seria o adolescente refazer a confissão na embaixada da Bolívia no Brasil. "Não vejo impedimento quanto a isso, mas o depoimento já foi traduzido e enviado à Bolívia pelo Itamaraty", disse Cabral.
Reconstituição – Ontem, depois de quase 50 dias presos, os 12 corintianos voltaram ao estádio Jesús Bermúdez, que fica em frente à penitenciária San Pedro.
Mas a reconstituição do crime, que deveria ter ocorrido à tarde, foi adiada para o dia 17 de abril, às 15h. Houve divergência de versões sobre o motivo do adiamento.
Segundo Sergio Marques, advogado brasileiro, foi uma decisão dele, porque não se poderia fazer uma reconstituição sem que as provas tenham sido analisadas.
De acordo com Miguel Blancourt, advogado boliviano dos 12 presos, a reconstituição não aconteceu porque peritos que vinham de La Paz não chegaram a tempo.
Os presos não gostaram, mas pareciam conformados. "Palhaçada", disse um deles. "Deus é que vai tirar a gente daqui”. Orientados por advogados a não darem declarações, repetiram as frases "somos inocentes" e "somos cidadãos brasileiros".
Senador – Denise Pinto, filha do senador boliviano Roger Pinto, disse que os 12 estão sendo usados pelo governo. Seu pai pediu asilo na embaixada do Brasil há quase um ano. "Eles querem meu pai, e estão usando os torcedores aqui como moeda de troca”.