Delegada fala em ações mais efetivas de combate à violência contra mulher

CURITIBA – Representantes da sociedade civil organizada e de órgãos públicos debateram ontem de manhã, no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), as principais demandas do combate à violência contra a mulher no estado. 
A discussão ocorreu durante audiência pública promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, presidida pela deputada Cantora Mara Lima (PSC). Temas como a ampliação dos serviços de atendimento à mulher violentada e o fortalecimento de políticas públicas contra os diversos tipos de violências cometidos contra a mulher foram amplamente debatidos durante mais de três horas de reunião.
PROXIMIDADE – Para a delegada-chefe da Coordenadoria das Delegacias da Mulher do Paraná (Codem), Marcia Vieira Marcondes, o Poder Público e as forças policiais precisam atuar de maneira mais próxima da sociedade para que sejam feitas ações mais efetivas de combate à violência contra mulher. 
“Muitas vezes precisamos nos perguntar onde o Estado falhou numa situação que uma mulher sofreu algum tipo de agressão e não nos procurou. Talvez pudéssemos evitar muitos crimes e sempre acho que a agressão contra a mulher ou o feminicídios são crimes evitáveis. Porque esses crimes sempre apresentam sinais”, afirmou.
A integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher; Maria Isabel Pereira Corrêa, também acredita que o Estado deve atuar com mais eficácia e energia nas ações que visam coibir atos de violência de qualquer natureza contra a mulher. 
“O Estado tem que garantir a segurança da mulher e a Assembleia tem que fiscalizar as ações do Governo relativas ao combate à violência contra mulher. Muitos casos não resolvidos e isso é um absurdo. Por isso o Estado precisa ser cobrado”, apontou Maria Isabel.
DENÚNCIAS – A vice-presidente da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero da OAB-PR, Helena de Souza Rocha, defende que é preciso promover ações mais eficazes de incentivo à realização de denúncias nas delegacias das mulheres. 
“Numa pesquisa feita no último mês de fevereiro, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, é mostrado que 52% das pessoas que sofreram violência não denunciaram. O que está acontecendo que nós, sociedade, não conseguimos fazer com que essas mulheres denunciem qualquer tipo de violência? Acho que o caminho é melhorar cada vez mais as instituições envolvidas e promover conhecimento sobre a violência contra a mulher. Não só nas escolas, mas em todo lugar. Essa é uma discussão que precisa ser feita com toda a sociedade”, ressaltou.
Violência psicológica 
De acordo com a coordenadora do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado do Paraná, Eliana Tavares Paes Lopes, a discussão sobre a tipificação da violência sofrida pela mulher precisa avançar dentro da sociedade. 
“A violência psicológica, por exemplo, está no texto da Lei Maria da Penha e na Convenção Interamericana de Defesa dos Direitos da Mulher. E este tipo de violência é a que vai correndo a mulher por dentro, de uma forma que depois ela acaba aceitando a violência física. Então, hoje temos mulheres que não sabem que estão sofrendo essa violência. E quando sabem, é muito difícil de ser denunciada. A violência psicológica é a única que você não consegue achar uma tipificação na legislação penal. Portanto, precisamos avançar nesse ponto”, reforça Eliana.