Delegado fala que vídeo dos presos foi retaliação às normas adotadas na cadeia

Repercutiu o vídeo feito por três presos, por celular, de dentro da cadeia de Alto Paraná, cobrando melhorias internas, assim como na alimentação. Para o delegado Dimitri Tostes, o vídeo divulgado anteontem foi uma retaliação às normas tomadas por ele após as últimas fugas. Na última ação, no mês passado, 14 detentos fugiram – seis foram recapturados.
Os presos reclamaram das condições precárias da cadeia e da comida. O delegado diz que os detentos “comem super bem, é comida cedida pelo governo do estado”.
E que por conta das fugas, proibiu visita dos familiares pelo prazo de 30 dias e também banho de sol, assim como proibiu a entrega de alimentos aos presos por parte dos familiares. Essas determinações levaram três presos a fazerem o vídeo que, segundo o delegado, é uma retaliação “às regras mais rígidas de comportamento” que adotou.
Mas não foram somente as fugas que levaram o delegado a tomar as medidas. Dimitri Tostes informou ao Diário do Noroeste, ontem, que foi feita recentemente fiscalização interna na cadeia, sendo encontrados vários celulares. Imagens desses celulares foram analisadas e para espanto, mostravam presos tomando cerveja e até uísque. 
Um procedimento administrativo foi aberto para apurar responsabilidade na entrada desses materiais na cadeia. Até panela elétrica estava dentro da cadeia, entre outros materiais.
A cadeia de Alto Paraná é considerada “frágil”, possibilitando fugas, como as que ocorreram neste ano – em janeiro ocorreu uma fuga e em março, duas. Com capacidade para abrigar 16 detentos, ontem estava com 56. E existe falta pessoal. O delegado conta com apenas um investigador e um agente carcerário, contratado pelo regime temporário.
“Antes existia até diálogo (com os presos), mas, depois dessas fugas, tive de tomar uma atitude”, afirmou o delegado Tostes, lembrando que não é sua função cuidar da cadeia, e sim investigar crimes. “Cabe ao Estado a segurança da cadeia”, disse, acrescentando que as regras implantadas são padrão, nada fora fora do normal.
Uma comitiva de advogados da OAB esteve ontem na cadeia. Para o delegado, os advogados viram “a situação deplorável da cadeia, sem higiene, sem condições nenhuma”.
Apesar de dizer que a segurança do prédio cabe ao Estado, não sendo sua função, Tostes considerou um absurdo os materiais encontrados dentro da cadeia, por isso mesmo determinou a suspensão das visitas de familiares, da entrada de alimentação por parte dos familiares e o banho de sol. 
Para o delegado, através da comida entregue por familiares é que entravam os celulares, carregadores, serras e os demais materiais que aparecem em imagens dos celulares apreendidos recentemente.