Delúbio dribla o assédio da imprensa

BRASÍLIA – O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi o último antigo integrante da cúpula do partido a entregar-se à Polícia Federal ontem, e anunciou o fato em sua conta no microblog Twitter.
"Apresentando às autoridades em Brasília para o cumprimento da pena que me foi imposta em julgamento de exceção. Viva o PT! Viva o Brasil", escreveu às 11h24.
Dezesseis minutos depois, ele escreveu: "Nosso compromisso com os brasileiros é tamanho e nossa fé nos ideais é de tal forma grandiosa que os imensos sacrifícios pessoais, os ódios que atraímos e as perseguições covardes das quais somos vítimas nada representam".
Delúbio driblou o assédio da imprensa. Seus advogados haviam afirmado que ele se entregaria na Superintendência da PF, no final da Asa Sul.
O ex-tesoureiro, no entanto, apresentou-se discretamente, entrando pela garagem, à sede da PF na região central da cidade.
Ao todo, Delúbio foi condenado a 8 anos 11 meses por participação no mensalão, mas cumprirá inicialmente em regime semiaberto a pena de 6 anos e 8 meses por corrupção ativa.
Sua condenação por formação de quadrilha será alvo de um novo julgamento no ano que vem, quando serão analisados os recursos chamados embargos infringentes. Se for mantida sua pena, ele deverá ir para o regime fechado – destinado a penas superiores a oito anos.
Por volta das 12h, um avião EMB-145 da PF levantou voo de Brasília rumo a São Paulo e Belo Horizonte para recolher os outros réus que se entregaram, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Todos eles deveriam passar ainda ontem por exames de corpo de delito na PF em Brasília e seguir para a prisão assim que a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal for informada da chamada carta de sentença pelo Supremo Tribunal Federal.
Inicialmente, eles devem ficar presos em Brasília. Os presos do regime fechado, como Marcos Valério, devem ir para o presídio da Papuda. Lá também há um centro provisório para quem tem direito ao regime semiaberto, mas ainda não teve autorizada a saída diurna para ir trabalhar, como José Dirceu, Genoino e Delúblio.
Em ambos os locais, não há chuveiros de água quente. Os presos têm à sua disposição roupa de cama e toalhas de forma limitada, mas podem trazer o material consigo. (por Matheus Leitão, Severino Motta, Mariana Haubert e Mariana Schreiber)