Demanda mais fraca começa a dar sinais sobre a inflação, diz IBGE

RIO DE JANEIRO – O custo de vida permanece elevado após a série de reajustes de preços controlados pelo governo (energia, gasolina, transportes) no ano passado, mas a inflação começa a dar os primeiros sinais de perda de fôlego por causa de uma demanda mais fraca.
Esta é a avaliação da coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, que menciona exemplos tão variados como mensalidades escolares, alimentação fora de casa, passagens aéreas e, até mesmo, motéis.
"Talvez seja o primeiro mês em que podemos evidenciar esse comportamento da demanda se refletindo nos preços. É um movimento inicial e que não é ainda generalizado, até porque o câmbio e impostos afetaram outros preços no mês", disse Eulina.
Para a coordenadora de índices de preço, a menor demanda também estaria por trás do menor fôlego dos preços da "alimentação fora do domicílio", como restaurantes e bares, que passou de 1,12% em janeiro para 0,64% fevereiro.
Mesmo os produtos alimentícios teriam sentido esse efeito, como no caso das carnes. Os preços das carnes perderam fôlego de janeiro (1,06%) para fevereiro (0,68%). O grupo alimentação e bebidas também desacelerou na passagem dos meses, para 1,06%.
Em todos esses casos, claro, se trata apenas de uma alta menor dos preços, que, portanto, continuaram subindo. Um caso em que houve efetivamente deflação (queda de preços) foi em passagens áreas: redução de 15,83% em fevereiro.
"Como a demanda ficou menor, as companhias áreas estão fazendo muitas promoções, o que reduz os preços", disse a coordenadora de índices de preços do IBGE, em entrevista após a divulgação do IPCA de fevereiro.
Ao explicar sua decisão de manter os juros básicos (Selic) estáveis em 14,25% ao ano, o BC (Banco Central) tem indicado que a recessão econômica deve conduzir os preços para um patamar mais próximo do centro da meta.