Dengue não dá trégua na região

Confirmando as preocupações das autoridades de saúde, a dengue avança rápido na região. Há registro de novos casos em várias cidades, porém, São Carlos do Ivaí e Paranavaí são dois focos de atenção extra, já que nestas cidades a doença se espalhou, considerando-se o surto a partir da última semana de outubro de 2012.
Levando em conta os meses de novembro e dezembro (período do surto), Paranavaí totalizou 40 casos positivos de dengue e fechou o ano de 2012 com 50 pessoas que contraíram a doença. Os números são da 14ª Regional de Saúde, atualizados ontem à tarde.
Tomando por base apenas o período de 23 a 29 de dezembro, a Secretaria Municipal de Saúde de Paranavaí notificou 43 casos suspeitos, sendo 27 deles apenas em um dia. Não há informações disponíveis sobre as notificações a partir deste período.
Em São Carlos do Ivaí o cenário é ainda mais preocupante. A cidade registrou durante o surto (que se iniciou um pouco antes do verificado em Paranavaí), 205 notificações e 90 casos positivos. Apenas 27 exames foram negativos, indício de que as confirmações de dengue devem crescer muito nos próximos dias. Apenas ontem foram enviadas 40 amostras para exame.
Também ontem a Regional de Saúde confirmou casos em Amaporã (02), Paraíso do Norte (02) e Santo Antônio do Caiuá (01). O que surpreende é o período em que o surto chega à região, muito antes do ocorrido em anos anteriores.
FATORES QUE CONTRIBUÍRAM – Para a chefe do Serviço Regional de Vigilância Sanitária, Nilce Casado, alguns fatores influenciaram para a antecipação do problema. O principal deles é a combinação de altas temperaturas com chuvas abundantes, além do ciclo do vírus, que já indicava tal possibilidade.
Antes do surto, a 14ª Regional de Saúde havia manifestado preocupação também com a eleição municipal e a possível perda de foco em relação ao combate e prevenção. Agora, o desafio é manter as políticas em relação à dengue, mesmo com a mudança de gestão, ocorrida no dia 1º de janeiro com a posse dos novos prefeitos.
A política de combate só terá resultado se contar com envolvimento de toda a população. Nilce lembra que o maior número de focos está nas casas, em vasos de plantas e bebedouros de animais. Na prática, só o morador pode acabar com os focos, eliminando água parada, inclusive em pequenas quantidades.
No último levantamento, Paranavaí tinha 43% dos seus focos concentrados nas residências. Mas, também há registro de focos em locais públicos, tais como calçadas e até bueiros. “Deve haver atenção por parte de todos”, resume, sob pena das cidades viverem grandes problemas.
Tanto descontrole levou o município a apertar o cerco e fazer cumprir a lei que determina multa para quem não eliminar os focos. Em caso de notificação, o morador recebe multa de R$ 200,00. Na reincidência, o valor dobra automaticamente.
Nilce Casado alerta que o poder público também deve fazer a sua parte. Ela confirmou o pedido de um carro para pulverizar veneno (fumacê) em Paranavaí, já que os focos estão espalhados e os casos detectados por toda a cidade. Mas, reitera que não é uma solução, mas apenas uma ferramenta. “A solução continua nas mãos das pessoas, insiste”.
AÇÕES MUNICIPAIS – O diretor da Vigilância Sanitária de Paranavaí, Décio Monteiro, informou ontem que, mesmo durante o feriado de Ano Novo, os agentes fizeram o bloqueio nos locais onde surgiram casos suspeitos ou positivos.
O bloqueio consiste em pulverizar inseticida num raio de 300 metros a partir da casa do paciente, visando eliminar o mosquito adulto e, com isso, reduzir as chances de transmissão. Ele confirma uma nova reunião do Comitê de Combate, programada para segunda-feira próxima, no salão nobre da Prefeitura.
EM SÃO CARLOS DO IVAÍ – A nova secretária de Saúde de São Carlos do Ivaí, Cíntia Primom Tavechio, se reuniu ontem com a equipe que trata do tema pela Regional de Saúde. Ele antecipou a manutenção do fumacê e dos bloqueios, além das visitas de casa em casa. A secretária se preocupa, lembrando que “a dengue está na cidade inteira”.
Para o futuro, o município deve apostar na prevenção, com reforço nas equipes de combate, incluindo os agentes comunitários de saúde. Cíntia entende que houve uma falha no ano passado, permitindo o avanço da dengue. Agora, avalia, as ações são paliativas e caminham paralelas à conscientização.