Depoimentos em sigilo reforçam indícios de fraude, crime contra o sistema financeiro e formação de quadrilha

CURITIBA – Os depoimentos tomados a portas fechadas, ontem, pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Condomínios reforçam os indícios de que empresas administradoras de condomínios cometem vários crimes contra os consumidores (condôminos) e contra o sistema financeiro.
“Estamos reunindo provas para apresentar uma denúncia ao Tribunal de Justiça ainda antes de encerramos os trabalhos, já que são fortes os indícios de cartel, formação de quadrilha, crimes contra o sistema financeiro e contra os consumidores”, avalia o presidente da CPI, deputado Paranhos (PSC).
Segundo um dos depoentes ouvidos ontem pela CPI, “a grande maioria dos processos de execuções condominiais na justiça nasceram de bases de cálculos ilegais que resultaram no aumento fraudulento da dívida”.
Ainda de acordo com o depoente, que é síndico em Curitiba, ao invés de cobrarem o que determina a lei, que é juro de 1% e multa de 2%, as empresas administradores cobram juros de 10%, 5% de taxa de administração e 20% a título de honorários advocatícios ainda antes de haver ação em juízo, além de outros esquemas irregulares que fazem a dívida crescer até que se torne impagável. “As cobranças irregulares são uma máquina de fazer dinheiro”, denunciou.
Outro depoente denunciou que apenas um grupo controla 90% do setor de gestão de condomínios em Curitiba e Região Metropolitana. “São empresas com nomes diferentes, mas que pertencem às mesmas pessoas. Há casos de empresas registradas como digitadoras, com capital social de R$ 5 mil reais e que fazem adiantamentos de R$ 1 milhão de reais para comprar carteira de condomínios com índice elevado de inadimplência”, declarou.
“Esses depoimentos estão deixando claro que existe um forte esquema de agiotagem no setor, caracterizando crime contra o sistema financeiro”, diz o relator da comissão, deputado Roberto Aciolli (PV).