Depois de notificados, catadores buscam solução para retomar o trabalho

Na semana passada, coletores de materiais recicláveis foram notificados pela Prefeitura de Paranavaí e precisaram desocupar o terreno que utilizavam para fazer a separação dos resíduos. Agora, as quatro famílias que trabalhavam no local buscam alternativas para retomar as atividades.
O espaço fica na região da Vila Operária e serve como depósito de materiais recicláveis há mais de cinco anos. “Nunca tivemos problemas com a Vigilância Sanitária”, contou Cristiane Maria Razera. Segundo ela, a limpeza frequente evita a criação de larvas do mosquito transmissor da dengue e o aparecimento de baratas, escorpiões, ratos e cobras.
No dia da ação feita pela equipe da Administração Municipal, no entanto, foram encontrados focos do Aedes aegypti, o que resultou na notificação e na ordem de retirada dos materiais recicláveis do terreno. O grupo explicou que foi uma situação pontual provocada pelo excesso de chuva daquela semana.
O documento data de 20 de março de 2019. De lá para cá, os coletores cumpriram a determinação e enviaram todos os itens para a Cooperativa de Seleção de Materiais Recicláveis e Prestação de Serviços de Paranavaí (Coopervaí). No entanto, como não dispõem de outro local para fazer a separação do que recolhem das ruas da cidade, estão sem trabalhar.
O grupo está preocupado. Carla da Silva Avantuiu explicou que as rendas familiares são provenientes das vendas desses produtos. “O que vamos fazer?” Uma das possibilidades está no apoio do poder público. Mas os coletores não estão confiantes. “Vão poder nos atender como precisamos?”, questionou Fabio Junior Dias Vantuiu.
A proposta apresentada pela Administração Municipal seria a busca por auxílio no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), mas o grupo alegou que demoraria até a inclusão nos programas de benefícios e que os valores não seriam suficientes para cobrir os gastos mensais. Os coletores querem continuar trabalhando.
Cristiane Maria Razera fez uma sugestão: que um terreno considerado adequado seja disponibilizado para retomarem as atividades. A partir daí, seria possível às quatro famílias a criação de uma associação de catadores de materiais recicláveis. 
AÇÃO CONTRA A DENGUE – Na semana passada, diversos pontos considerados de risco foram vistoriados por equipes da Administração Municipal. A ação foi desenvolvida depois que o Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (Lira) demonstrou as chances reais de uma nova epidemia de dengue na cidade.
Diferentes bairros da cidade foram visitados e o trabalho terminou com três pessoas encaminhadas para a Delegacia de Paranavaí, por ferirem o artigo 268 do Código Penal: “infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa”. Todas as pessoas eram reincidentes.
No caso dos integrantes das quatro famílias que atuavam no terreno da Vila Operária, não houve prisão.