DEPRESSÃO PÓS-MORTE
São vários fatores que podem influenciar o surgimento desse estado:
1) A visão sobre a morte e o desconhecido
A morte é vista como terror por muitas pessoas. Existe um medo de morrer, mas muito mais, um medo de perder algum ente querido. No consultório, na ficha de anamnese, tem uma pergunta: você tem algum medo? Muitos dizem ter medo de perder os pais, os filhos, esposo (a), pessoas muito próximas. A sensação que tenho é que a maioria não consegue harmonizar-se com aquilo que é natural do processo da vida. Ninguém é eterno nesse corpo. Existe um processo natural da vida e não podemos fugir dele. A morte faz parte do viver aqui neste mundo. O processo natural é que os pais partam antes que os filhos, mas nem sempre isso acontece.
Ainda é muito limitada a visão que as pessoas possuem sobre a morte. Para mim ela não existe. Simplesmente acontece uma evolução da vida. Nem mesmo meu corpo morre, pois o elemento terra possui vida e eu retorno ao pó de onde vim. Segundo a Escritura Sagrada, eu vim do pó da terra, e a terra não é um elemento morto, logo, ao retornar para o estado inicial, continuo vivo. Pensando que temos dentro de nós um elemento eterno, que podemos chamar de alma, espírito, consciência, esse também segue para um estado superior, passa por uma evolução, de acordo com uma das Leis Cósmicas, da Evolução. Eu vejo aquilo que chamam de morte, como um momento especial da minha vida. No momento em que abandono o corpo, sigo a vida num estado superior, que de acordo com as crenças religiosas posso chamar de céu, paraíso, outro mundo, etc.
2) Dependência
Achar que nossa vida depende da outra pessoa. Que não serei feliz sem esta ou aquela pessoa por perto, que minha vida feliz está atrelada à presença de alguém por perto. Sem dúvida que pessoas que amamos e que nos amam sempre agregam algo de maravilhoso em nossa vida, mas achar que a felicidade depende delas, aí existe uma enorme deficiência. Posso sim, ser feliz comigo mesmo. Essa história de que a outra é que me faz feliz é fantasiosa e ilusória. Deixa a pessoa fazer seu processo de vida. Permita que ela faça sua evolução. A vida é dela e somente a vida dela passou pelo processo. Mas muitos dizem: minha vida acabou com a morte dessa pessoa!
3) Remorso ou culpa
Remorso porque começa avaliar que não amou o suficiente essa pessoa que partiu, que fez mal a ela, que não aproveitou o máximo da presença dela, que deixou de perdoar, de pedir perdão, de dizer que a amava, que viveu distante… Minha mãe sempre dizia para os filhos: visitem-me enquanto estou viva, depois não adianta ir me visitar no cemitério. Li uma vez algo assim: As pessoas levam flores no cemitério aos seus mortos e choram porque em vida não fizeram isso.
Alguns se sentem culpados, dizendo que não fizeram o melhor para salvar essa pessoa da doença, que não cuidaram bem dela, que foram culpados quando morreram num acidente por terem descuidado no volante ou levado junto na viagem ou em outro lugar onde acontece um acidente fatal…
Lembrem-se: as pessoas sempre fazem as melhores escolhas e o fazem porque possuem sempre uma intenção positiva. Se voltar lá atrás, vai fazer a mesma escolha e vai ter o mesmo agir. Então, nada de culpa. A não ser que conscientemente você não quis fazer algo que estava ao seu alcance.
Lembrem-se: a melhor prova de amor que posso demonstrar a quem partiu é continuar a viver uma vida plena e feliz, pois para isto Deus a colocou na minha vida.
Colaboração de Josué Ghizoni