Deputado Kielse mantém acusações e luta contra pedágios mesmo sem CPI

Sem comentar diretamente a inviabilização nessa semana da criação de nova CPI do Pedágio pela Assembléia Legislativa para investigar também suas próprias denúncias contra uma suposta ‘máfia do pedágio’ que envolveria alguns parlamentares – que em 2011 teriam trabalhado para impedir a criação de outra comissão de inquérito sobre a questão – o deputado estadual, Cleiton Kielse (PEN) afirmou ontem que não depende de CPI para lutar contra as empresas de pedágios. E sustenta que tem todas as informações consistentes para seguir em frente.
O deputado insiste em investigação técnica do pedágio, reafirmando sua acusação: "No aspecto político existe uma manipulação oficial, pela Assembleia Legislativa, para que uma CPI “séria” não saia do papel. Nessa comissão os acompanhamentos dos Ministérios Públicos, Estadual e Federal mais a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e as federações de Produção Fecomércio, Fiep, Faciap, ACP, Ocepar, Faep e Fetranspar e tantos outros, fariam parte da investigação complementar e financeira das empresas".
De acordo com Kielse, no aditivo contratual ilegal do ano de 2000, foi retirado 487Km de duplicações que seriam obrigatórias na licitação original, dando um prejuízo de mais de R$ 3.000.000.000, por serem os trechos mais caros e de maior nível de obras de arte.
“São os trechos que mais morrem gente no Estado. Ainda em 2002 postergaram o restante do pouco que ficou de duplicações para 2014” disse ele, se remetendo ao que pretendia fosse investigado em 2011 pela CPI que ele propôs e foi recusada.
Explica o deputado que a soma de fatores como o aumento das tarifas, já previsto para o mês de dezembro, o aumento da frota de veículos, recorde de mortes nas rodovias pedagiadas do mundo mais o volume de valores já recebidos e com informações das próprias concessionárias investigando dentro do balanço das empresas a extinção e retirada e paralisação das obras – que deveriam estar sendo feitas há mais de cinco anos – vão ter uma conotação técnica, já que no aspecto político o suposto lobby de alguns deputados dentro da Assembléia impede que as investigações sejam aprofundadas.
Kielse reafirma que existe falta de interesse, principalmente, do líder do governo na Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), de encontrar uma solução para os problemas dos contratos com as concessionárias de pedágio.
“Não há interesse algum, da parte dele, em solucionar esse problema caótico e criminoso e que é, com toda a certeza, o maior crime lesa pátria que o Brasil já viu e que, infelizmente, neste momento, quem esta pagando o preço é a população paranaense é a economia do nosso Estado; por isso precisamos que a Justiça Federal vá para cima destes detentores dos consórcios que fazem das empresas concessionárias, as mais rentáveis do mundo” afirma o deputado.

Pública e Popular

Para o coordenador do Fórum Nacional Popular contra o Pedágio, Acir Mezzadri, que era ligado ao PMDB e que há anos milita contra as concessionárias que atuam no Paraná, o pedágio no Brasil se instalou e se estabeleceu politicamente, no entanto, no Paraná houve uma radicalização, sem ouvir a população em momento algum.
"O episódio Jaime Lerner é conhecidíssimo pela população, reduzindo em 50% nas vésperas da eleição, também conhecido o Modus Operandi do Roberto Requião na campanha para governador onde todos se lembram do “Abaixa ou acaba” e a CPI de 2003, comandada pelo então deputado estadual, Andre Vargas", cita. Mezzadri e Kielse acusam a atual Mesa Executiva e Ademar Traiano de terem perdido o relatório final da CPI de Vargas, " de forma escusa ou irresponsável".
Se através da Assembléia Legislativa não será criada nova comissão de investigação porque vai supostamente contrariar interesses do lobby interno a favor das concessionárias, Mezzadri anuncia uma CPI Pública Popular. “À partir de 15 de novembro, iniciaremos uma CPI onde os mais prejudicados, ou seja, a população, vai ser ouvida. Irá atuar com absoluta transparência, onde consultaremos as lideranças do Fórum Nacional Popular contra o Pedágio, parlamentares e principalmente ouvindo a população como um todo”.
Depois de na quarta-feira da semana passada ter sido anunciada coleta de assinaturas de apoio para criação de nova CPI do Pedágio, na última segunda-feira quatro pedidos de CPI foram protocolados ao mesmo tempo na Assembléia. Uma quinta comissão já havia sido aprovada na semana anterior e existem outras duas, do ano passado, que ajudam a barrar a comissão de investigação do pedágio. Uma delas foi criada mas não instalada e a outra foi barrada pela Justiça. O regimento interno do Legislativo permite no máximo cinco CPIs funcionando simultaneamente.