Deputados batem boca e falam palavrões

Mesmo com a galeria do plenário repleta de estudantes do ensino fundamental que acompanhavam a sessão da Câmara ontem, o deputado Sebastião Bala Rocha (SDD-AP) e o líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), trocaram insultos nos microfones.
"Quando eu fiz uma acusação de fraude do seu Estado vossa excelência agiu de forma desleal… eu vou procurar este discurso e vou reapresentar. Só tenho a dizer uma coisa: graças a minha formação, nunca fui algemado", disse Chinaglia em referência ao fato de Bala Rocha ter sido algemado em 2004, durante a operação Pororoca, da Polícia Federal.
Bala Rocha subiu o tom: "Eu fui injustiçado seu p… Seu fdp". O microfone foi cortado e ele começou a gritar insultos ao líder do governo. Os dois ficaram se encarando, mas foram separados por colegas.
A confusão começou quando os deputados discutiam um projeto de Decreto Legislativo que firma medidas de cooperação entre Brasil e França contra exploração ilegal de ouro em zonas protegidas. Bala Rocha derrubou a votação da matéria, irritando o colega.
Ao orientar a votação, Chinaglia informou que a deputada Dalva Figueiredo (PT-AP) disse que o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) costurou um acordo sobre o projeto. O petista foi interrompido pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) dizendo que o acordo do ministro foi com a bancada do Amapá e não só com a bancada do PT.
Chinaglia corrigiu Alencar. "Deputado Chico Alencar: eu não disse que o acordo foi com a bancada do PT. Eu disse que a reunião com Carvalho foi a deputada Dalva que relatou. Mas eu tenho visto outros deputados querendo se apoderar do acordo coletivo", disse.
Bala Rocha reagiu: "Como ele jogou indireta… eu não estou me apoderando de nada. Fui relator, conheço a matéria e agi com responsabilidade o tempo todo. Vou obstruir. Peço verificação".
Com o mal-estar, líderes do DEM, PPS e até PMDB pediram que a votação fosse adiada. Após o episódio, Bala Rocha pediu que a Câmara retire os palavrões dos registros da Casa.
Em conversa com jornalistas, Chinaglia afirmou que citou o caso das algemas porque o colega já tinha extrapolado todos os limites. Questionado se pretende levar Bala Rocha ao Conselho de Ética, o petista disse que "tende a perdoar".