Desaceleração brasileira afeta Argentina e Uruguai, diz agência
A desaceleração da economia brasileira está ampliando a perda de ritmo enfrentada por Argentina e Uruguai como resultado da desaceleração global, segundo relatório da agência de classificação de risco Fitch Ratings divulgado anteontem. "Enquanto ambos os países sentem o impacto da desaceleração brasileira, sobretudo por meio de um declínio nas exportações, a Argentina parece mais vulnerável que o Uruguai", avaliou a chefe de qualificação soberana da Fitch para a América Latina, Shelly Shetty. "Os problemas econômicos da Argentina foram exacerbados pela desaceleração do Brasil, com políticas internas intervencionistas que possivelmente afetam a extensão de sua recuperação em 2013, quando o crescimento brasileiro voltar a aumentar", completou. Enquanto a depreciação do real desde julho de 2011 tem tido um impacto negativo na competitividade das exportações de Argentina e Uruguai ao Brasil, suas vendas ao país parecem estar dirigidas, sobretudo, a uma demanda doméstica brasileira mais frágil, acrescentou o comunicado. A composição comercial da Argentina torna suas exportações mais sensíveis ao ciclo econômico brasileiro, já que uma grande parte delas consiste em automóveis e autopeças negociados exclusivamente com o Brasil, avaliou a Fitch. Por outro lado, as exportações de commodities, que podem ser mais facilmente realocadas, representam uma grande parte das exportações do Uruguai ao Brasil, tornando a balança comercial do país vizinho menos sensível às mudanças na demanda doméstica brasileira. Ao final de setembro, o Banco Central brasileiro revisou para baixo sua previsão de crescimento para 2012, de 2,5% a 1,6%, em sintonia com o frágil desempenho da atividade mundial por causa da crise. O Brasil, que cresceu 2,7% em 2011 e 7,5% em 2010, acumulou 0,6% de expansão no primeiro semestre. Já a Argentina espera um crescimento de 3,4% para este ano, depois de registrar 8,8% em 2011. A economia uruguaia, no entanto, crescerá 3,3% em 2012, após uma expansão de 5,7% no ano passado.