Desemprego se estabiliza em 7,6% em setembro
Agravado pela deterioração da situação econômica, o desemprego também acelerou em relação ao verificado em setembro do ano passado, quando a taxa esteve em 4,9%.
Em agosto deste ano, a taxa havia batido mesmo patamar da divulgada nesta quinta, de 7,6%.
A baixa confiança dos empresários na economia, atrelada aos juros altos, crédito restrito e perspectiva de queda do PIB contribui para o cenário negativo.
DESOCUPADOS – O país encerrou setembro com 1,8 milhão de pessoas desocupadas, que são os desempregados que estão na fila por emprego. Esse montante cresceu, no intervalo de um ano, em 56,6%, com 670 mil novas pessoas dando entrada nessa condição.
Na comparação de setembro com agosto, houve estabilidade -4.000 pessoas entraram na fila do emprego, o que representou leve alta, de 0,2%.
O número de pessoas ocupadas em empregos formais e informais em setembro atingiu 22,6 milhões, queda de 1,8% em relação ao apurado em igual período do ano passado. No intervalo de um ano, 420 mil postos de trabalho foram fechados. Na passagem de agosto para setembro, houve corte de 41 mil vagas de trabalho.
A PME investiga as seis principais regiões metropolitanas do país e é menos abrangente que a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), cujo levantamento ocorre em todos os estados da federação.
Os setores que acumulam os maiores cortes de vagas na comparação anual foram a indústria, com 149 mil postos fechados, e nos serviços prestados às empresas, com 148 mil vagas perdidas. Na passagem de agosto para setembro, o comércio fechou 74 mil vagas e os serviços prestados às empresas, 39 mil.
A reboque do processo de demissões, a renda média do trabalhador também encolhe. O rendimento médio ficou em R$ 2.179,80 em setembro, abaixo dos R$ 2.278,58 verificados em igual período do ano anterior -uma queda de 4,3%. Na comparação mensal com agosto, a queda apurada foi de 0,8%.
Cinco desafios para quem está sem emprego no Brasil
A taxa de desocupação chegou a 7,6% em setembro, segundo pesquisa do IBGE realizada em seis regiões metropolitanas.
É a primeira vez em oito meses que a taxa não piora. Mesmo assim, o contraste com o índice de 4,9% de setembro de 2014 é grande.
A deterioração do mercado de trabalho tem aumentado os desafios para quem está sem emprego.
1) Com renda em baixa, mais gente precisa trabalhar
Um dos fatores apontados pelo IBGE como motivo pelo qual mais gente tem buscado emprego é o fato de que o rendimento médio tem caído.
Para compor a renda da família em baixa, pessoas que não estavam procurando trabalho e não entravam nas estatísticas dos desempregados entram nas filas das entrevistas por vagas.
Isso também significa que está ficando mais difícil para as famílias garantir que jovens atrasem a sua entrada no mercado de trabalho para estudar, por exemplo.
2) 1 milhão de vagas formais cortadas em um ano
Essas pessoas vão disputar vagas com gente que foi demitida recentemente. O mercado formal cortou quase 1 milhão de vagas em um ano, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
3) Informalidade aumenta
Segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, entre setembro de 2014 e o mesmo mês de 2015, os setores com os maiores cortes de vagas em seis regiões metropolitanas pesquisadas foram a indústria, com 149 mil postos fechados, e o de serviços prestados a empresas, com 148 mil vagas perdidas.
Por se tratarem de dois setores com altas taxas de emprego com carteira assinada, as quedas têm forte impacto sobre o mercado formal, o que significa uma piora da qualidade do emprego em geral.
A redução de vagas formais foi de 3,5% no período, segundo o IBGE. A busca por trabalhos como doméstico, atividade com altos índices de informalidade, triplicou em agências especializadas.
4) Seguro-desemprego mais difícil
Apesar de haver mais gente sendo demitida, a concessão de seguros-desemprego pelo governo tem diminuído.
Isso se explica em parte por regras mais duras adotadas pelo governo na concessão do benefício, uma forma de enxugar gastos em meio à queda da arrecadação.
Antes, era necessário ter trabalhado seis meses ininterruptamente para obter o benefício. Com a mudança, esse tempo foi ampliado para 18 meses.
Um outro motivo para a queda do nível de emprego é, ironicamente, o próprio desaquecimento do mercado de trabalho. Isso diminui a criação de vagas temporárias, a rotatividade e, consequentemente, a concessão do seguro para quem está entre um trabalho e outro.
Crise do emprego – Desempregados que levaram mais de 6 meses para encontrar trabalho
A saída do seguro-desemprego de, em média, 600 mil beneficiários por mês tende a pressionar mais o mercado de trabalho.
5) Final de ano fraco deve barrar contratação de temporários
O final do ano é, tradicionalmente, uma época de contratações para suprir a demanda extra do Natal.
Neste ano, porém, nove em cada dez empresas do comércio varejista e de serviços não contrataram nem pretendem contratar funcionários temporários, segundo levantamento feito pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).
Quase metade das empresas que não vão abrir vagas temporárias acredita que a atual equipe de trabalho será suficiente para atender os consumidores, já que a perspectiva de vendas é menor neste ano.
A previsão é de 24,5 mil vagas temporárias criadas no país neste ano. No ano passado, previa-se a abertura de 209 mil vagas temporárias -o SPC ressalta que mudanças de metodologia não permitem, no entanto, uma comparação perfeita entre as duas pesquisas. (ANDRÉ CABETTE FÁBIO)