Desocupação põe fim ao impasse entre sem-terra e proprietário

Um impasse iniciado em 31 de setembro de 2004, portanto há mais de oito anos, chegou ao fim ontem com a transferência das famílias que ocupavam a Fazenda Santa Filomena, entre Guairaçá e Planaltina do Paraná.
A disputa pela posse da terra foi marcada por uma série de tentativas de ocupação, uma delas com violento conflito entre sem-terra e seguranças, que resultou em uma morte e seis feridos.
A desocupação foi acompanhada pela Polícia Militar, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, terminando sem incidentes. Representantes do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – estiveram na propriedade.
As pessoas saíram pacificamente, após retiradas dos objetos domésticos, pessoais e algumas criações. Eles foram transferidos para um assentamento em Carlópolis, próximo a Jacarezinho, no Norte Pioneiro.
Conforme a Polícia Militar, cerca de 60 pessoas foram encontradas na área. Elas se organizaram sem incidentes e tiveram tempo para fazer a mudança. De acordo com os números oficiais, 35 policiais militares e 13 policiais federais atuaram na desocupação.
A Fazenda Santa Filomena possui 1.797 hectares. Foi declarada improdutiva pelo INCRA em 1998, mas o Poder Judiciário a considerou produtiva. Diante da possibilidade de desocupação mediante mandado de reintegração de posse, o MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – chegou a organizar um debate pela manutenção das famílias na área.  
Alegava que os moradores já estavam fixados na área, produzindo itens de subsistência e até para fornecimento da merenda escolar, via cooperativa de agricultores de Querência do Norte.
O assentamento provisório foi denominado Elias Gonçalves de Meura, um rapaz de 20 anos que morreu em conflito com seguranças durante a ocupação em 30 de setembro de 2004. Além dele, outras seis pessoas, todas ligadas ao movimento, se feriram na ação.
O inquérito que apurou a morte do sem-terra foi arquivado e atualmente o MST tenta reabrir as investigações, contando com apoio de entidades de direitos humanos. O caso gerou grande repercussão na época, com espaço na imprensa nacional e internacional.