Destino Comum

Rogério J. Lorenzetti*

As pessoas não pensam na morte, o que é relativamente bom, pois ao se envolver com os problemas do cotidiano, não sobra tempo para imaginar ou pensar como será o destino final, comum a todos os seres vivos.
A maioria daqueles que têm fé e praticam uma religião acreditam na imortalidade da alma e buscam agir conforme os preceitos da mesma. Acreditar nisso é um motivo poderoso para buscar uma vida conforme os ditames dos livros sagrados de cada crença.
Não sabemos como se dará o final da vida, alguns em acidentes trágicos, outros com doenças, ataques cardíacos, assassinatos e outras causas, mas para alguns, o destino reserva uma vida longa e a morte se dá de forma natural ao lado da sua família.
A estes que considero privilegiados, o final da vida terrena é uma passagem quase que tranquila, e se dá sem muitos sobressaltos e de uma forma não traumática.
Os cemitérios estão repletos de autoridades, bandidos, pessoas comuns, ricos, pobres, famosos, céticos, alegres, tristes, pessoas boas ou más, enfim o destino é comum para toda a humanidade. A imortalidade se dá pela obra em vida, mas mesmo o mais anônimo dos mortais haverá de ter alguém para reverenciar sua memória.
Por isso a importância de tratar bem a família e os amigos. Serão eles que acompanham o velório e o enterro do nosso corpo, além de visitar nosso jazigo e fazer uma oração pela nossa alma. Ser lembrado com saudades é reservado aos justos e que tenham praticado a bondade em vida.
No Dia de Finados, que ocorre nesta semana, milhares de pessoas visitam os cemitérios reverenciando a memória de entes queridos, assistindo cerimônias religiosas, levando flores e acendendo velas nos túmulos.
Mesmo participando destas homenagens muitos não se comportam como frágeis mortais, praticando atos e tratando seus demais como se não fossem ocupar um túmulo no futuro. Toda a riqueza, importância, prepotência, autoridade, cessa no final da vida e o que sobrará é o que foi feito de bom pelos semelhantes.
Levar uma vida de amor e atenção pelo próximo é um poderoso argumento para o nosso julgamento final, onde nossa importância em vida (bens materiais, conhecimento, cultura e outros atributos) será relativizada e valerá o amor e o comportamento ético frente às oportunidades que a existência nos proporcionou.

*Rogério J. Lorenzetti, ex-prefeito de Paranavaí, período de 2009/2016