Detentas afirmam que o Dia das Mães será apenas mais um em suas vidas

Para a maioria das mães, este domingo será diferenciado. Elas irão comemorar o seu dia cercada de seus familiares, terão almoço especial, ganharão presentes, carinho e atenção.
Porém, essa não é a realidade para 16 mulheres que vivem no minipresídio de Paranavaí, mães condenadas ou ainda aguardando julgamentos.
Juntas são unanimes em afirmar que a maior pena que receberam foi o afastamento de seus filhos. E concordam que quando ganharem a liberdade não conseguirão recuperar o tempo perdido. Porém, afirmam que terão mais maturidade para seguir a vida junto aos filhos.
A reportagem do Diário do Noroeste (DN) conversou com as detentas num encontro realizado nesta sexta-feira (dia de visitas). O ambiente estava triste porque elas podem ter acesso aos filhos apenas uma vez por mês. E esse dia aconteceu na semana passada. Na prática, passaram sem o abraço mais importante nesta data emblemática para elas. As mulheres entrevistadas pelo DN tiveram problemas com o tráfico de drogas.
TRISTE – Mãe de quatro filhos, uma detenta explicou que somente se entregando na mão de Deus ganha força para suportar o afastamento dos filhos. Um de seus filhos tem menos de dois anos e outros três são pouco maiores.
Chorando, afirmou que se arrepende dos erros cometidos e que faria tudo diferente se pudesse voltar no tempo. “Fico imaginando eles na apresentação da escola. Sinto o meu coração despedaçado de pensar que eles chegam em casa com a lembrancinha feita e não podem me entregar. Isso era algo que não dava valor quando eu tinha liberdade. Hoje isso me faz muita falta”, disse a mulher.
ENCONTRO ESPIRITUAL – Mãe de três filhos, sendo um ainda bebê, outra detenta afirma que o sentimento de passar o Dia das Mães presa é inexplicável. Ela não culpa a cadeia por estar longe dos filhos.
“Fiz opções erradas nessa vida. Não foi a prisão que me afastou de meus filhos, foram as drogas. Por isso, estou aproveitando esse período presa para encontrar Deus. Quando sair daqui, quero fazer tudo diferente”, afirmou a detenta.
Sem esconder a emoção e com os olhos vermelhos, ela explica que os dois primeiros filhos foram criados pela ex-sogra desde o nascimento. “Não fui uma boa mãe para eles e pretendo fazer tudo diferente com o meu bebê. Minha filha acabou tendo amizades erradas e infelizmente também está presa em Maringá”, comentou.
MEDO – Com uma criança com menos de um ano, outra detenta fala que quando foi presa seu filho não tinha quatro meses. Por isso, durante 16 dias seus pais trouxeram a criança para ser amamentada dentro do minipresídio. “No final achamos melhor tirar o peito dela por causa do trabalho e por achar que o ambiente não era saudável”, explicou.
Hoje ela afirma que os encontros com a criança é marcado pela superação. “Nas visitas mensais ela me estranha. Tenho que conquistá-la e quando isso acontece já está na hora de ir embora. Dói muito, mas estou consciente que quando sair irei me dedicar para superar tudo isso”, concluiu.