Discurso de Dilma sobre protestos foi “contundente”, dizem ministros

BRASÍLIA – O discurso em que Dilma Rousseff disse ser preciso ouvir as vozes que foram para as ruas protestar por diferentes causas foi classificado de "contundente" por ministros que participavam da cerimônia no Palácio do Planalto ontem.
Os auxiliares da presidente interpretaram o recado como uma ordem para não apenas melhorar o serviço prestado como também para destacar os avanços sociais da esfera federal e, assim, tentar livrar o governo dos ataques diretos dos manifestantes. No governo, contudo, ninguém afirma que o momento é de autocrítica.
No Palácio, a nova agenda de reivindicações de grupos que se organizam pela internet, não estão filiados a partidos políticos e protestam por diferentes causas é atribuída às mudanças sociais dos últimos dez anos – período em que o governo federal está sob o comando do PT. Para os ministros de Dilma, quando moradia e alimentação estão assegurados, as pessoas lutam por outros direitos, como melhoria dos serviços públicos.
Avalia-se ainda que as demonstrações mais agressivas dos manifestantes foram contra o Legislativo, com a destruição da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e a ocupação da laje do Congresso, em Brasília.
Para o ministro Luiz Inácio Adams (Advocacia-Geral da União), a onda de protestos não é dirigida ao governo federal nem representa uma crise dos poderes.
"Não acho que represente crise. É uma manifestação da sociedade em favor de melhorias e de qualidade do serviço publico. É legítimo e necessário para que a classe política ouça como um todo", disse.
O discurso da presidente foi interpretado, também, como uma ordem para que se melhore a qualidade dos serviços prestados e escapar dos ataques diretos dos manifestantes.
"Nós, todo o governo, estamos orientados a conseguir interpretar essas reivindicações e perceber que o governo deve se empenhar cada vez mais pela qualidade de vida e enfrentamento de violência", disse Maria do Rosário.

Dilma diz que "Brasil acordou mais forte" após manifestações
Ao longo de cinco minutos de discurso no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff fez sua primeira manifestação mais contundente sobre as manifestações, elogiando o caráter democrático dos protestos, e criticando episódios isolados de violência. Segundo a presidente, "o Brasil tem orgulho deles [dos manifestantes pacíficos]".
"O Brasil hoje acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem (anteontem) comprovam a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população. É bom ver tantos jovens e adultos, o neto, o pai, o avô, juntos com a bandeira do Brasil, cantando o hino nacional, dizendo com orgulho ‘eu sou brasileiro’ e defendendo um país melhor. O Brasil tem orgulho deles", afirmou a presidente, durante a apresentação do novo marco regulatório da mineração, no Palácio do Planalto.
A presidente elogiou, ainda, a postura das forças policiais nas manifestações de anteontem, em mais de uma dezena de capitais brasileiras – entre elas, Brasília, em que manifestantes ocuparam o terraço do Congresso Nacional, ao lado do Palácio do Planalto.
"Devemos louvar o caráter pacífico dos atos de ontem (anteontem). O caráter pacífico dos atos públicos evidenciou também o correto tratamento dado pela segurança pública à livre manifestação popular. Conviveram pacificamente. Infelizmente, porém, é verdade, aconteceram atos minoritários e isolados de violência contra pessoas, contra o patrimônio público e privado, que devemos condenar e coibir com vigor. Sabemos, governo e sociedade, que toda violência é destrutiva, lamentável e só gera mais violência. Não podemos aceitar jamais conviver com ela", disse.