Dívida pública atinge recorde de 65,1% do PIB

A dívida pública fechou novembro em 65,1% do PIB, maior valor da série do Banco Central, iniciada em dezembro de 2006.
O desempenho reflete o aumento do déficit acumulado pela União, Estados e municípios em suas contas e também a elevação das despesas com juros, que têm sido impactadas pelo aumento da inflação e pela desvalorização do real.
Em novembro, o setor público gastou R$ 19,6 bilhões a mais do que arrecadou, sem contar os gastos com juros da dívida. No ano, o déficit foi de R$ 39,5 bilhões, valor recorde, informou o Banco Central nesta terça-feira (29).
Os números incluem as contas do governo federal, que já haviam sido detalhadas pelo Tesouro nesta segunda-feira (28), e também os dados de Estados e municípios.
As despesas com juros totalizaram R$ 449,7 bilhões no ano até novembro, o equivalente a 8,31% do PIB. Isso representou um aumento de 70% em relação ao mesmo período de 2014.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a alta é explicada principalmente pelo aumento da inflação e do dólar, que corrigem papéis vendidos pelo governo ao mercado, e pelo próprio crescimento da dívida.
Apenas as despesas com os contratos de swap, por meio do qual o BC oferece proteção aos investidores contra a alta do dólar, somaram R$ 81,8 bilhões até novembro.
A dívida pública fechou 2014 em 57,2% do PIB. A expectativa do BC é que a relação chegue, ao final de dezembro, em 66,9%.
A projeção leva em conta que o setor público registrará no ano um déficit de R$ 119,9 bilhões, incluindo as despesas com as chamadas pedaladas fiscais – repasses em atraso do Tesouro para os bancos públicos para o pagamento de subsídios e de programas sociais.
ESTADOS – O déficit público teria sido maior até novembro se não fosse o resultado favorável registrado por Estados e municípios no período. Os governos regionais tiveram um superávit de R$ 19,5 bilhões, frente a um saldo positivo de R$ 3,5 bilhões no mesmo período de 2014.
Maciel afirmou que os Estados foram favorecidos este ano com o aumento das tarifas de energia e do preço do combustível, que afeta a arrecadação tributária.
Governadores e prefeitos também estão com margem menor para a contratação de novos empréstimos, depois de terem obtido financiamentos em anos anteriores.
O economista do BC afirmou, no entanto, que dezembro tradicionalmente é um mês deficitário para as contas regionais por causa da concentração de despesas com folha de pagamento.