Dólar ultrapassa R$ 3,55 e fecha no maior valor em 12 anos

BRASÍLIA – Em um dia de turbulência nos mercados internacionais, a moeda norte-americana ultrapassou R$ 3,55 e fechou no maior valor em mais de 12 anos. O dólar comercial encerrou ontem vendido a R$ 3,553, com alta de R$ 0,056 (1,61%). A cotação fechou no maior valor desde 5 de março de 2003 (R$ 3,555).
Durante toda a sessão, a divisa operou em alta. Na máxima do dia, por volta das 10h40, o dólar chegou a ser vendido a R$ 3,57, mas o ritmo de aumento diminuiu nas horas seguintes. A moeda norte-americana acumula alta de 3,7% em agosto e de 33,62% em 2015.
O mercado financeiro mundial passou por grande inquietação relacionada às incertezas em relação à robustez da economia chinesa e às perspetivas de crescimento da economia mundial. A bolsa de Xangai encerrou a sessão de ontem com perda de 8,49%, a maior queda em oito anos. A bolsa de Shenzhen, segunda praça financeira da China, caiu mais de 7%.
As ações adotadas pelo governo chinês para reaquecer o mercado não surtiram efeito. Há duas semanas, o Banco da China desvalorizou o yuan (moeda do país), levando à queda global das bolsas. A autorização para que os fundos públicos de pensões do país adquiram até 30% do patrimônio não teve o resultado esperado, aprofundando a desconfiança dos investidores.
ÍNDICE DO MEDO – Conhecido como "índice do medo", o índice VIX fechou ontem em 40,74 pontos, o maior nível desde agosto de 2011, quando os Estados Unidos perderam a avaliação AAA da agência Standard & Poors. Na abertura do pregão, o índice chegou a ultrapassar os 53 pontos, chegando perto da máxima atingida no início de 2009.
O VIX negocia a volatilidade (a variação dos preços) das 500 ações mais negociadas na Bolsa de Nova York e tende a disparar em momentos de turbulência dos mercados financeiros.
"A elevação de hoje mostra que os investidores estão bem estressados, que há grande preocupação com as mudanças no cenário global", diz o diretor da Mirae Asset Securities, Pablo Spyer.
"Desaceleração na China, expectativa de aumento de juros nos EUA, a situação da União Europeia, pacote de socorro no Japão e as commodities em pisos históricos: são muitas as razões para incertezas", enumera.
Nos últimos 25 anos, o VIX fechou acima de 40 pontos em apenas quatro ocasiões -além desta semana, 2011 e 2009, a marca foi atingida em 1998, durante a crise russa.