Durante protesto, PM deu 20 tiros por minuto contra professores

Há exatamente um mês, completado nesta sexta (29), a Polícia Militar do Paraná usava 2.323 balas de borracha contra os professores e outros servidores do Estado que protestavam contra um projeto do governo Beto Richa (PSDB). Criticada até no exterior, a ação policial resultou em ao menos 180 pessoas feridas.
Na média, foram quase 20 tiros por minuto, considerando as duas horas de duração da operação ordenada pelo tucano.
Os dados foram divulgados num ofício da PM enviado nesta semana ao Ministério Público de Contas. A operação custou ao governo Richa R$ 948 mil no total, gastos em munições e diárias pagas para deslocar policiais do interior para Curitiba.
O objetivo da ação era impedir a invasão da Assembleia Legislativa por cerca de 15 mil manifestantes a maioria professores, que protestavam contra a votação de mudanças na previdência dos servidores estaduais.
Uma ordem judicial impedia a entrada no prédio. O projeto acabou aprovado naquele mesmo dia, enquanto bombas de gás e balas de borracha eram lançadas contra o protesto.
Segundo o ofício da PM, no total, 1.661 policiais participaram da operação o equivalente a 15% de todo o efetivo do Estado. Metade deles veio do interior daí a necessidade das diárias, de R$ 230 por policial, para cobrir despesas com alimentação e hospedagem.
PREVIDÊNCIA – A origem do ato de um mês atrás está no projeto de Richa que modificou a previdência dos servidores estaduais no PR. Apesar do protesto, deputados aprovaram a medida naquele mesmo dia. Sindicatos dos funcionários eram contra o projeto, alegando que a medida do governo afetaria, a médio prazo, a sua aposentadoria.
Para o governo, a medida é necessária para aliviar gastos da ordem de R$ 1,7 bilhão por ano. Em crise financeira, o governo do Paraná fechou o ano devendo mais de R$ 1 bilhão a fornecedores.
Conforme mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, porém, a medida é paliativa : alivia o deficit financeiro momentaneamente, mas reduz a expectativa de vida dos fundos previdenciários.
Para especialistas, a mudança deveria vir acompanhada de um sistema de previdência complementar, a fim de garantir os pagamentos de aposentadorias no futuro.