É difícil viver do futebol, diz brasileiro que concorre ao gol mais bonito

SÃO PAULO – Wendell Silva Lira, 26, era mais um jogador desconhecido que perambulava por várias equipes do futebol brasileiro até ontem (6). Desempregado desde o início de junho, o atacante ganhou notoriedade após ser indicado ao prêmio Puskás, que é dado ao gol mais bonito do ano pela Fifa.
Wendel anotou o gol durante a vitória de seu time, o Goianésia, contra o Atlético-GO, em março, pela primeira fase do Campeonato Goiano. Após uma triangulação, o atacante recebeu dentro da área e acertou uma linda meia bicicleta para vencer o goleiro adversário.
Ele terá entre os concorrentes os argentinos Lionel Messi e Carlos Tevez. A votação é feita por meio do site da Fifa. Os três finalistas serão anunciados pela entidade no dia 30 de novembro. O ganhador será conhecido no dia 11 de janeiro.
"Estava na casa da minha mãe almoçando com um amigo e o meu irmão. O meu telefone não parava de tocar com ligações, mensagens e WhatsApp. Como tocou várias vezes, resolvi ver o que era e vi que concorria ao prêmio. Achei que era brincadeira, mas vi depois que era verdade", contou Lira, que é casado e tem uma filha de dois anos e quatro meses.
"Ainda nem consegui olhar o site da Fifa e não sei com quem estou concorrendo. Quero chegar em casa e ver o que está realmente acontecendo. Não esperava concorrer ao prêmio, ainda mais com tantos jogadores de qualidade fazendo gols bonitos toda hora, como o Messi, o Neymar e o Cristiano Ronaldo".
Revelado nas categorias de base do Goiás, Wendell se destacou neste ano pelo Goianésia e, logo depois, se transferiu para o mineiro Tombense, que disputou a Série C do Campeonato Brasileiro. Porém, foi dispensado após quatro rodadas.
De acordo com o jogador, o treinador Marcelo Mabília não foi com a "minha cara e me mandou embora".
"Tivemos que fazer uma reformulação no elenco e como ele tinha um salário alto e não aproveitou as chances que teve optamos pelo seu desligamento", explicou o técnico.
O atacante recebia aproximadamente R$ 10 mil no Tombense, seu maior salário na carreira. No Goianésia, ganhava um pouco mais da metade do valor.
"Vivo do futebol, mas é difícil. Você fica, quatro, cinco meses empregado durante o ano e depois fica desempregado. Estou fazendo academia, correndo, treinando à espera de um clube. Espero que com essa indicação surja mais propostas", afirmou o atacante, que tem propostas do Vila Nova-GO e do próprio Goianésia para 2016.