Eleições para prefeitos e vereadores (IV)

Dom Geremias Steinmetz*

Nesta semana, estando já a campanha eleitoral a pleno vapor, podemos refletir sobre a responsabilidade cristã na política. Talvez a palavra “cristã” possa ser substituída pela palavra “cidadã”, pois o bom cristão deve ser um bom cidadão. Todos somos convocados a contribuir para que a justiça prevaleça sempre.
Ao escolhermos os nossos candidatos é preciso ter em mente que “não merecem o voto os candidatos despreparados, ou então, que se escondem por trás de interesses particulares ou de grupos, que não apresentam metas claras de governo e políticas públicas consistentes. Igualmente os candidatos oportunistas, que só aparecem em tempo de campanha” (Cartilha de Orientação Política, 16).
É muito bom conhecer a história dos candidatos. Quem é candidato a um cargo político não caiu do céu: tem pai, mãe, família, formação, vida profissional, etc. Por isso é justo que o eleitor pergunte: qual é o projeto do candidato em que pretende votar? Este candidato está comprometido com quem? Que expectativas posso criar com relação a ele?
Com relação aos candidatos à reeleição também posso perguntar: Existe algo que justifique a sua reeleição? O que eu sei sobre o mandato anterior? Quais os pontos positivos do seu mandato anterior? O que ele publicou sobre o seu mandato é verdade? Ele participou ou foi conivente com escândalos e fraudes anteriores? Tem uma história de luta pela justiça e favorecimento dos direitos de todos? Certamente com todas estas perguntas é possível formar uma opinião a respeito da vida e conduta de um candidato.
Porém, a NOVA POLÍTICA não se faz somente com novos candidatos ou com candidatos ilibados. Ela se faz também com maior qualidade da parte do eleitor. Se, na realidade de hoje, encontramos candidatos corruptos, com ainda mais certeza encontramos eleitores corruptos e corruptores. Não é possível dizer com clareza o que é pior para a democracia, se o candidato corrupto ou o eleitor corrupto. Vamos, então, reproduzir as características do BOM ELEITOR que encontramos na Cartilha Política citada acima: É uma pessoa honesta, que não vende seu voto, nem troca por benefícios pessoais, nem por benefícios concedidos à família, ao grupo ou comunidade. Pensa no bem de todos. Respeita os adversários políticos, embora tenha suas convicções pessoais, respeita o fato de que outros possam pensar diferente, não parte para a provocação ou humilhação dos adversários. Deixa a liberdade de escolha, não obriga seus empregados, moradores de seu bairro, membros de sua comunidade ou igreja a votar em seu candidato; não se serve de chantagens, mentiras ou pressões.
É racional, ponderado, avalia, analisa a pessoa do candidato e quem o acompanha ou apoia e não se deixa influenciar por promessas eleitoreiras ou por difamações baratas. Tem coragem de denunciar: quando tem provas, denuncia ações de partidos ou candidatos que desrespeitam a Lei Eleitoral.
Compromete-se com a comunidade e interessa-se pelo bem do município e dos cidadãos. Não apenas cumpre com seu dever de votar, mas procura acompanhar os eleitos no exercício do mandato.
Muitas vezes buscamos nos esconder atrás de generalizações, tais como: Ninguém presta, são todos ladrões ou política não se discute, ou ainda, eu anulo meu voto. Tal pensamento favorece, e muito, os maus políticos. Preparemo-nos bem para as próximas eleições, pois Política é a arte ou ciência da organização, direção e administração de Nações, Estados e Municípios.

*Dom Geremias Steinmetz, bispo diocesano de Paranavaí