Elias e Maria figuras inspiradoras…

25. Tudo o que desejamos e pretendemos ser na realidade da hora presente vemo-lo realizado na vida do profeta Elias e da Bem-Aventurada Virgem Maria, que, cada um a seu modo, “tiveram o mesmo espírito, (…) a mesma formação, o mesmo mestre: O Espírito Santo”.
Olhando para Maria e Elias, podemos mais facilmente compreender, interiorizar, viver e anunciar a verdade que nos torna livres.
26. Elias é o profeta solitário que cultiva a sede do Deus único e vive na sua presença. (1Rs 17,1.15; 18,19.21; 2Rs 1,2) Ele é o contemplativo possuído (raptado) pela paixão ardente pelo absoluto de Deus, (2Rs 2,1-13) cuja “Palavra ardia como fogo” (Eclo 48,1). É o místico que, depois de um longo e penoso caminho aprende e lê os novos sinais da presença de Deus. (1Rs 19,1-18) é o profeta que se envolve na vida do povo e, lutando contra os falsos ídolos, o reconduz à felicidade da Aliança com o único Deus. (1Rs 18,20-46) É o profeta solidário com os pobres e os marginalizados e que defende aqueles que sofrem violência e injustiça. (1Rs 17,7-24; 21,17-29)
O Carmelita aprende, pois, com Elias a ser homem do deserto, de coração indiviso, que está todo diante de Deus, todo entregue ao serviço de Deus, o homem que fez uma escolha sem compromissos pela causa de Deus e por Deus e por Deus arde de paixão. Como Elias, crê em Deus, deixa-se conduzir pelo Espírito e interioriza a Palavra no próprio coração, para testemunhar a presença divina no mundo, aceitando que ele seja realmente Deus na vida. E enfim, vê em Elias, unido ao seu grupo profético, a fraternidade vivida na comunidade, e com ele aprende a ser canal da ternura de Deus para com os indigentes e os humildes.
27. Maria, envolvida pela sombra do Espírito de Deus, (Lc 1,35) é a Virgem do coração novo, (Ez 36,26) que dá um rosto humano à Palavra que se faz carne. (Lc 1,28-37) É a Virgem da escuta sapiente e contemplativa, que conserva e medita no seu coração os acontecimentos e a Palavra do Senhor. (Lc 2,19.51) E a discípula fiel da sabedoria, que busca Jesus – Sabedoria de Deus – e pelo seu Espírito se deixa educar e plasmar para assimilar na fé o estilo e as opções de vida. (Lc 2,44-50) Assim educada Maria é capaz de ler as “grandes coisas” que Deus realizou nela para a salvação dos humildes e dos pobres. (Lc 1,46-55) Maria sendo também a Mãe do Senhor, torna-se a discípula perfeita dele, a mulher de fé. (Mc 17,35; Rm 12,19) Segue Jesus, caminhando juntamente com os discípulos, e com eles compartilha o penoso e comprometedor caminho que exige acima de tudo o amor fraterno e o serviço mútuo. (Jo 13,13-17; 15,12-17) Nas bodas de Caná ensina-nos a acreditar em seu Filho; (Jo 2,5) aos pés da Cruz torna-se a Mãe de todos os crentes (Jo 19,26) e com eles experimenta a alegria da ressurreição. Une-se com os outros discípulos em “oração contínua” (At 1,24) e recebe as primícias do Espírito, que enche a primeira comunidade de zelo apostólico.
Maria é portadora da Boa Nova da salvação para todos os homens. (Lc1,39) É a mulher que cria relações de comunhão, não só com os círculos mais restritos dos discípulos de Jesus, mas também com o povo: com Isabel, os esposos de Caná, as outras mulheres e os “irmãos” de Jesus. (At 1,14).
Na Virgem Maria, Mãe de Deus e modelo da Igreja os Carmelitas encontram tudo aquilo que desejam e esperam ser. Por isto, Maria foi sempre considerada a Padroeira da Ordem, da qual é também chamada Mãe e Esplendor, e tida sempre pelos Carmelitas, diante dos olhos e no coração, como a “VIRGEM PURÍSSIMA”. Olhando para ela e vivendo em familiaridade de vida espiritual com ela, aprendemos a estar diante de Deus e juntos como irmãos do Senhor. Maria, de fato, vive no meio de nós como MÃE E COMO IRMÃ, atenta às nossas necessidades, e junto a nós atende e espera, sofre e alegra-se.
O Escapulário é sinal do amor materno, permanente e estável, de Maria para com os irmãos e as irmãs Carmelitas.
Na sua Tradição, sobretudo a partir do século XVI, o Carmelo manifestou a proximidade amorosa de Maria ao povo de Deus, mediante a devoção do Escapulário: sinal de consagração a ela, meio de agregação dos fiéis à Ordem e mediação popular e eficaz de evangelização.

(Das Constituições – Da ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO).