Em busca do Santo Prepúcio e as relíquias (2ª parte)

Pequena galeria de relíquias exóticas:
LEITE MATERNO: Na Idade Média, 69 santuários diziam ter leite da Virgem Maria. AUTENTICIDADE: O Museu Britânico tem um relicário com o leite que nunca foi aberto.
DEDO: Segundo a tradição, São Tomé tocou os ferimentos de Jesus. Esse mesmo dedo estaria na Basílica da Santa Cruz, em Roma. AUTENTICIDADE: De fato, há um dedo descarnado disponível para visualização na basílica. Mas nunca foi feita constatação da época dos ossos.
LÍNGUA: Em 1263, o caixão de Santo Antônio de Pádua (1195-1230) foi aberto, 32 anos após sua morte. A língua dele não havia se decomposto. AUTENTICIDADE: Ela está em um relicário na cidade Italiana de Pádua. Como não se sabe se houve processo de mumificação e a caixa nunca é aberta.
CABEÇA: Três anos após a morte de Catarina de Siena (1347-1380), a cabeça foi mumificada e enviada à cidade natal da Santa, na Itália. AUTENTICIDADE: Em 1855, o túmulo da Santa foi reaberto e a cabeça não estava lá; Em 1947, um exame mostrou que o crânio tinha tamanho condizente com o de uma mulher italiana. Mas é só o que se sabe.
FÁBRICA DE RELÍQUIAS: O achado era um incremento a uma política de Roma vigente no século 9: todas as Igrejas deveriam ter pelo menos um artefato ou pedaço de corpo de algum grande personagem cristão. Foi a farra das relíquias.
Pequenas e grandes cidades começaram a procurar (e inventar) objetos, a fim de atrair mais fiéis, status e dinheiro. As igrejas desenterraram e desmembraram santos. Expunham para adoração pedaços de corpos apodrecidos.
Mas o que fazia a roda da fortuna girar de verdade eram objetos ligados a Jesus. Aí sobrou para seu pênis circuncidado – e o cordão umbilical, que também estaria em Roma. Ao longo da Idade Média, 18 localidades catalogaram o Santo Prepúcio entre as próprias relíquias. Uma cidade francesa foi batizada em homenagem a ele: – CHARROUX, que significa CARNE VERMELHA.
No século 14, o prepúcio de Charroux ficou famoso, rivalizando com o romano em peregrinações. Isso simbolizou o racha que a Igreja vivia. Naquela época, havia um papa na Itália e outro na cidade francesa de Avignon.
Quando Roma recuperou o pleno domínio, no século seguinte, o prepúcio Francês perdeu a vez. Mas a relíquia romana não teve muito sossego. Em (1527), ela foi roubada durante o Saque de Roma, comandado pelas tropas do imperador do Sacro Império Romano – Germânico Carlos 5º.
O soldado alemão que furtou a peça foi capturado ao se aproximar de Calcata, quando tentava sair da Itália. Ele não foi preso por estar com o Santo Prepúcio, mas pelo simples fato de ser estrangeiro. Acabou liberado, deixando para trás a relíquia – talvez por medo de, aí sim, ser pego em um crime muito mais grave, ou por fé, ao se dar conta do que levava. Roma sabia que o prepúcio estava na região de Calcata, mas ninguém tinha noção de exatamente onde.
A prisão, que funcionava em uma caverna, foi desativada sem que as pessoas da cidade soubessem que a relíquia estava ali.
Diz a lenda que, três décadas depois, um padre observou que as “MULAS” sempre se “curvavam a entrada da caverna”. Curioso, resolveu entrar para ver o que havia lá. Descobriu o “relicário” e, apesar de ninguém conseguir abri-lo, tinha certeza que se tratava do Santo Prepúcio, devido a uma fita com uma inscrição parcialmente apagada.
Continua…

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ginez Romera Plaza Filho
Vicentino