Em dezembro Vigilância recolheu 472 pneus velhos

Relatório da Vigilância em Saúde, apresentado anteontem na reunião do Comitê de Combate à Dengue, mostra o tamanho do desafio de deixar a cidade limpa. Apenas em dezembro, o chamado caminhão de apoio recolheu 472 pneus, a maioria nas ruas e em terrenos baldios. A lista tem itens inacreditáveis, incluindo colchões e sofás.
Apenas em 18 dias úteis de dezembro, foram recolhidos 96 sofás, sendo que 18 deles estavam em terrenos baldios. Os demais foram retirados de residências, cujos moradores não conseguiram dar destinação. A lista tem ainda 30 colchões, a maioria jogada em terrenos baldios e margens de ruas nos bairros da cidade.
O relatório aponta ainda que foram recolhidos duas geladeiras, um tanquinho de lavar roupas, um vaso sanitário, um armário e oito lonas. Ao final do mês, a Vigilância totalizou 55.530 quilos de material recolhido. Tinha de tudo: papel, plástico, lata, ferro e outros.
ORIENTAÇÕES – O diretor da Vigilância em Saúde, Randal Calil Fadel, informa que antes de descartar um móvel ou utensílio, o morador deve buscar alternativas. No caso dos sofás, por exemplo, tapeçarias podem usar parte da estrutura.
Caso não seja possível, é recomendável contratar um serviço de transporte e levar até o depósito de entulho. Se o morador for comprovadamente carente, a Prefeitura se dispõe a fazer o transporte. Solução definitiva passa pela responsabilização das empresas que vendem os objetos, a chamada logística reversa, o que ainda depende de legislação.
Fadel Filho comenta que parte dos itens foi encontrada em quintais, muita vezes servindo de abrigo para insetos, porta aberta para a dengue e outras doenças. Não por acaso, mais de 76% dos focos de mosquito da dengue foram encontrados nas casas das pessoas, muitos em vasos de plantas e bebedouros de animais.
ALCANCE – A Vigilância conseguiu trabalhar em 80% do perímetro urbano. A sujeira estava em todos os lugares: centro, Jardim Simone, Sumaré, Chácara Jaraguá, Vila Paris, Jardim Ouro Verde, Jardim São Jorge, Jardim Ouro Branco, Conjunto Ettore Giovine, Jardins Santos Dumont, Ipê e Canadá.  
Conforme o diretor da Vigilância em Saúde, o trabalho do caminhão de apoio é fundamental no trabalho dos agentes de saúde do setor de endemias, especialmente nestes dias de intenso combate à dengue. Todo esse material nas ruas acumula água e facilita a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Apesar desse trabalho, adverte, o êxito depende da população. Cabe aos moradores a manutenção dos seus quintais. Da mesma forma, deve evitar jogar lixo e entulho em terrenos baldios e locais públicos. A estrutura de combate é menor do que a capacidade de produzir lixões a céu aberto. É comum o município fazer a limpeza e o local voltar a receber entulho e lixo minutos depois.
RISCO À SAÚDE – A limpeza é importante pelo aspecto visual e combate a uma série de problemas de saúde pública. Mas, nos últimos anos passou a ser questão de vida ou morte, por conta da ameaça da dengue. A cidade teve 9.912 confirmações oficiais no ano passado e estima-se que pelo menos 30 mil pessoas tenham contraído a doença. Neste ano são 18 casos suspeitos até o momento.
O número de focos continua alto, conforme apontou o Levantamento de Índice Rápido – LIRA – de janeiro, que chegou a 2,5%. O tolerável pela Organização Mundial de Saúde é de até 1%. Na região o cenário não é diferente. 16 das 28 cidades já apresentaram casos notificados. Duas cidades – Nova Londrina e Marilena – estão em situação de surto epidêmico.