Em Paranavaí, pesquisador social dá dicas de prevenção às drogas
Funcionário do Departamento Estadual de Políticas Públicas Sobre Drogas (DEPSD), palestrante, titular do programa radiofônico Sobriedade na Rede, da Rádio FM Nova Pinhais (na Região Metropolitana de Curitiba), voluntário na Igreja Católica, tendo chegado a atuar na Pastoral da Sobriedade da Regional Sul 2 da CNBB, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o economista José Augusto Soavisnki, também ex-militar do Exército Brasileiro, (Infantaria), esteve na semana passada em Paranavaí.
Ele participou da abertura da edição local do Junho Paraná Sem Drogas, o Junho Branco, na quinta-feira (dia 6). No dia seguinte, visitou o Centro de Convivência do Idoso (Instituto Maurício Gehlen) pela manhã e à tarde esteve com dom Mário Spaki, bispo Diocesano de Paranavaí, com quem trabalhou na Pastoral da Sobriedade na CNBB. Ele visitou uma casa que a Unipar pretende ceder ao Conselho Municipal de Políticas Públicas Sobre Drogas (Comud) e, à noite, proferiu palestra, quando, entre um ensinamento e outro, cantou e dançou funk no palco do auditório da Unipar. As letras das músicas sempre são alertas para os perigos das drogas. Estes gestos (cantar e dançar) são recursos que, como havia dito na noite anterior o presidente do Comud, Dante Ramos Júnior, são utilizados para que a mensagem seja melhor assimilada pela juventude.
EXPERIÊNCIA – Soaviski é um pesquisador social e percorre o Paraná proferindo palestras. Em suas conversas, ele não se limita a contar o que aprendeu em suas pesquisas. Mas sobretudo com a experiência que teve com um de seus filhos que, embora cercado de todo o cuidado, enveredou durante um tempo pelos caminhos das drogas. “Uma das referências dele era quem ele considerava seu melhor amigo. E este amigo era usuário de drogas. Era também nele que ele se espelhava. E aí perdi, temporariamente, meu filho para a droga”. Em Paranavaí, Soaviski veio falar sobre A Importância da Prevenção.
Quem vai às suas palestras e espera soluções mirabolantes para a prevenção das drogas se decepciona. Ele aponta soluções simples. “A prevenção é ser feliz, é saber dizer não. Na prevenção a família está em primeiro lugar. O jovem não pode se sentir sozinho. Tem que saber sempre que sua família está ao seu lado”, ensina.
O pesquisador aponta que os pais devem conversar muito com os seus filhos. Quais assuntos? Todos. Sabendo que não tem barreiras e que pode tratar de qualquer tema, se o jovem enveredar para o caminho das drogas, as primeiras pessoas com quem vai tratar do problema são com os pais.
Ele dá algumas dicas. Se o filho quer conversar, não deixe para depois. “Os jovens têm pressa. Sente-se e ouça”, ensina. Soavinski reforça que os jovens sempre vão se espelhar nos pais. E faz um alerta: se estes pais bebem e fumam, ele tenderá a seguir esse caminho. E os pesquisadores têm observado que as drogas lícitas (álcool e fumo) são a porta de entrada para as ilícitas. “Os pais têm que ser amigos e abertos ao diálogo e não podem ser esquecer que são exemplos, espelhos”, reforça.
O palestrante brinca com sua formação de economista. “Os pais não devem economizar no carinho aos filhos”, diz ele. “Devem ‘gastar’ muitos ‘eu te amo, filho’, ‘eu te amo, filha’. Isso pode fazer a diferença na prevenção. Devemos fazer pelo menos uns três elogios por dia. Ele tem que perceber que tem um amigo ao lado dele.
Outra dica dele é abraçar os filhos. O abraço tem duas funções: a primeira, sobejamente conhecida, é a demonstração de carinho, a pessoa se sentir protegida. “Não economizem no abraço”, avisa. E a outra vantagem de abraçar os filhos todos os dias é que se eles começarem a usar droga, os pais logo vão perceber através do cheiro. “O mais importante é o carinho, mas é uma forma de detectar também se o jovem não está usando drogas”, diz ele.
Soavisnki conta que as pesquisas indicam que o dependente químico não sofre sozinho. “Um dependente químico sofre e leva outras quatro pessoas a sofrer junto” e aí vem a depressão e outros problemas. Ele aponta que atualmente a maioria das pessoas são recuperadas através da Igreja. Só a força de Deus para tirar a dependência química. São pouquíssimas as exceções”, relata.
Por outro lado, o palestrante diz que a crise econômica que o país atravessa é uma das causas para o crescimento do número de dependentes químicos no Brasil, especialmente de álcool, maconha e crack, drogas mais baratas. “O jovem precisa estar ocupado, empregado. O emprego tem que chegar primeiro que as drogas para o jovem. A ociosidade é um caminho para as drogas. O governo deveria incentivar mais os programas para as empresas oferecer o primeiro emprego ao jovem”.
O emprego melhora a autoestima do jovem e faz ele se sentir útil e valorizado. Assim, ele também fica fortalecido para resistir. “O jovem quer carinho, respeito, dignidade e isto quem dá é a família, é um emprego, é uma sociedade mais justa e Deus”, finaliza Soavisnki, que tem agora um companheiro e um “auxiliar qualificado” para algumas de suas palestras: o filho, que um dia se perdeu com as drogas, participa, quando pode, de oficinas de prevenção, inclusive dando testemunho. “Antes era um ‘tristemunho’, agora é testemunho”, arremata ele.