Engenheiros alertam para uso correto do solo e água
Na área urbana também há necessidade de um bom uso do solo e da água potável.
Durante décadas, os agricultores brasileiros investiram em técnicas de conservações dos solos, mas nos últimos anos muitas práticas foram abandonadas, deixando as lavouras desprotegidas na busca sem limites pelo aumento da produtividade, com redução de custos.
Essa atitude tem acarretado a degradação química, física e biológica, com perda de matéria orgânica e de nutrientes dos solos, fase esta que os processos erosivos se tornam mais evidentes.
Nos solos desprotegidos, ou seja, sem vegetação de cobertura, as gotas de chuvas batem desagregando os torrões de terra que são arrastados, seguindo o declive natural do terreno e acumulam-se nas partes mais baixas e nos leitos dos rios. Por isso, é necessário construir barreiras de proteção que mantenham o solo e a água preservados. Um bom exemplo é a utilização da mata ciliar.
Outra prática interessante é o plantio direto que consiste em colher uma lavoura e fazer o próximo plantio diretamente sobre a palhada da cultura anterior, sem a necessidade de preparo do solo. A palha que fica sobre o solo diminui o impacto das gotas de chuvas e protege a terra do sol, mantendo a umidade.
Entre as décadas de 1980 e 1990, o Paraná conseguiu espalhar por praticamente todo estado um sistema de conservação de solos integrados nas microbacias. Estradas foram refeitas de forma a não jogar água para dentro das propriedades.
As lavouras foram colocadas em nível e com terraços, cortando o sentido em que a água corre e outras técnicas conservacionistas foram utilizadas. A erosão dos solos foi reduzida a níveis mínimos em todo o Estado e nos tornando exemplo para o mundo.
Algumas considerações:
– A erosão hídrica do solo, vem se tornando mais forte nos últimos anos. E a erosão do solo representa um prejuízo grave para a economia do agronegócio e para toda a sociedade paranaense, uma vez que atinge o ambiente.
– Práticas existentes devem ser novamente utilizadas. Realizar novas pesquisas e divulgar as tecnologias disponíveis.
– O poder público possui a responsabilidade constitucional de promover, organizar e executar ações em prol da proteção e conservação do ambiente e dos meios de produção.
– As organizações privadas envolvidas com o agronegócio devem manifestar intenção de participar e contribuir em futuras ações que revertam o quadro atual de degradação de alguns locais, principalmente em regiões de solos mais frágeis como é o caso do Arenito Caiuá.
(Por Paulo Sérgio Bulguerolli, engenheiro agrônomo, presidente da AEA)