Escassez de matéria-prima deve impulsionar o plantio de laranja

Há no mercado uma escassez de laranja provocada pela redução da área plantada entre 2011 e 2014 em virtude do baixo preço e também por conta do greening, doença que atingiu os pomares a partir de 2006/2007.
Com a melhora dos preços desde 2015, os produtores estão retomando o plantio. Devem plantar cerca de 500 mil novos pés da fruta até o ano que vem.
As conclusões são do ruralista Gilberto Pratinha, produtor de laranja e industrial. Ele explica que o Norte e Noroeste do Paraná tinham 12,8 milhões de pés de laranja em 2010. Hoje são apenas 09 milhões de plantas.
A razão é que entre 2011 e 2014 a crise de preço afetou o setor, desestimulando a cultura. Com quatro anos de prejuízo, muitos reduziram a área. Outros também foram afetados pelo greening e houve queda na produtividade, fatores que refletiram na produção.
Das 20 milhões de caixas, o Estado passou a produzir 14 milhões, com isso, o preço da caixa saltou de R$ 11,00 para R$ 20,00, situação contornada pela indústria por conta da elevação do preço no mercado internacional. Pratinha informa que o preço aumentou de 1.860 dólares para 2.700 dólares a tonelada do suco concentrado.
A fruta in natura também pesou nos negócios por conta da elevação. No mercado oscila entre R$ 18,00 e R$ 20,00 por caixa, porém, na entressafra que começa em dezembro e vai até abril, deve saltar para R$ 30,00 a caixa da fruta in natura, ficando a R$ 20 o produto para indústria.
Retomando o tema oscilação a partir de 2011, o agricultor lembra que houve um recuo de cerca de 30% na produção e um incremento de 80% nos preços.
O grande problema dessa mexida – redução de área e de produção com “desaparecimento” de mais de 03 milhões de pés – é a perda de postos de trabalho. Segundo Pratinha, a menor safra dos últimos anos significou a perda de 2.500 mil empregos diretos, entre indústria e campo.
Ainda sobre a escassez de matéria-prima, Gilberto Pratinha cita que as três indústrias de suco concentrado e a maior produtora de suco integral do Paraná necessitam juntas de 14 milhões de caixas, portanto, toda a produção paranaense de laranja. Em outras palavras, há mercado para novas ampliações.
A matéria-prima que abastece o Estado na entressafra vem de São Paulo, que tem um calendário de safra diferente por conta do clima e também da grande área plantada – 20 vezes maior que a do Paraná.
CONTROLE DO GREENING – O greening continua preocupando o setor, porém, tem hoje uma situação estável em relação a outros tempos. A doença chegou em 2006/2007 nos pomares comerciais e nas cidades em 2009.
Desde então, foi matando plantas na área urbana. Tanto que hoje 98% desses pés de citrus morreram, informa Gilberto Pratinha. O mesmo aconteceu com as plantações não comerciais.
Em ambos os casos, uma mesma prática: a falta de controle. Mais, a morte dessas plantas reduziu a possibilidade de disseminação nos plantios comerciais, estes monitorados pelos produtores. Com menos plantas contaminadas para espalhar a praga, reduz-se o problema no campo.
Desta forma, o produtor consegue controlar, replantando áreas afetadas, minimizando prejuízos. Ainda assim, houve reflexos anteriores na produtividade.