Estou indignado, como muitos brasileiros
Tomar café da manhã assistindo o noticiário nacional tem sido um verdadeiro suplício para mim. Todos os dias, tenho que assistir a um festival de denúncias, delações, prisões, sentenças judiciais e outras ações que envergonham a todos aqueles que mantêm uma postura ética nas atividades privadas e na condução da administração pública, no meu caso exercendo o honroso cargo, para o qual fui reeleito, de prefeito municipal.
Atingindo empresários, servidores públicos, políticos e outros envolvidos, os órgãos de fiscalização e repressão do país têm revelado à população um festival de horrores que desnuda práticas políticas e empresariais que se revelam antigas e contumazes.
A corrupção mostra sua face mais cruel, seus resultados impactam toda a sociedade e deixam um rastro de destruição no país, atingindo a todos, seja através da economia, inflação, desemprego. Esta conta cruel será paga pela sociedade, em especial os mais vulneráveis, que vinham ascendendo de classe social, corrigindo distorções históricas de desigualdade e falta de oportunidades.
O trabalhador já sente na pele o resultado desta dura realidade, seja vendo seu poder aquisitivo minguar, seja através da diminuição de conquistas históricas que, segundo notícias, poderão ser revistas. A comida e os serviços mais caros restringem o já limitado orçamento doméstico e fazem aumentar a penúria nas famílias que estão em situação de risco.
O povo deve separar o joio do trigo nas eleições que se aproximam. Políticos com más referências têm que dar lugar a outros, cuja experiência administrativa e história de vida recomendem a representação popular. Não é hora de desculpar maus feitos, seja na condução do executivo ou na representação legislativa. A hora, mais do que nunca, pede boas referências dos candidatos, situação que deverá se repetir nas eleições nacionais a seguir.
O poder volta ao povo no próximo pleito e ele, mais que buscar justiceiros ou heróis, deve analisar a contribuição de cada candidato à sua comunidade, sua capacidade de gestão, passado, história de vida e comportamento, seja na vida pública ou privada.
É hora de indignação e atitude, a corrupção tem que ser combatida por todos os meios, seja pela repressão ou pela seleção através do voto. Referendar o erro, seja por má condução da gestão pública ou por
malfeitos no exercício do cargo, será perpetuar esta cultura histórica do "levar vantagem em tudo", que tanto tem contribuído para a desigualdade brasileira.
*Rogério J. Lorenzetti, prefeito reeleito de Paranavaí