“Eterno enquanto dure…”

Alguns casais se sentem confortáveis em uma relação de dependência emocional na qual vivem.
Para outros, entretanto, essa dependência é sinônimo de constante sofrimento. Com o tempo, eles tendem a misturar amor com raiva; acabam encontrando na baixa autoestima, no medo da solidão e na preocupação com os filhos a justificativa para prolongar o casamento. 
Mas não é preciso chegar a esse extremo. Existem várias alternativas para que o casamento seja tão atraente e revolucionário, a ponto de se desejar permanecer nele com crescimento para o casal.
Nenhuma escolha é livre de renúncias. Com relação ao casamento a regra é a mesma. Ao decidir por uma vida a dois, algumas renúncias precisam ser realizadas, porém, sem sofrimentos insuportáveis e sim com o peso natural da responsabilidade.
Quando cada parceiro é responsável por si mesmo e, via de regra arca com as consequências de seus atos, o casamento deixa de ser um fardo para se transformar em um prazer e uma possibilidade de crescimento.
Atualmente, casar deveria ser visto como fruto do desejo, já que não estamos historicamente na época que as mulheres casavam sem mesmo conhecer seu marido e vice-versa. 
Nesses casamentos às cegas, por conveniência social ou econômica, não havia espaço para escolha como é possível atualmente e, os parceiros permaneciam casados até que a morte os separasse.
No entanto, falar em "eterno enquanto dure" ou enquanto valer a pena, não significa fazer apologia de uma vida sem responsabilidade ou sem paciência para viver as renúncias inerentes à uma convivência a dois. Tampouco supor que não seja possível eternizar uma vida a dois com prazer de ambos os parceiros.
Não entendo o casamento como uma relação pronta. Sabemos que ao longo de uma vida amorosa acontecem fatos que poderão diminuir ou intensificar o sentimento de amor.
Como o casamento não é um vínculo pronto, mas sim um projeto em aberto, só avança quando os limites do outro são respeitados e, a cada situação de conflito, ambos se esforçam para tentar encontrar uma solução que represente uma evolução para os parceiros.
O laço do casamento existe e dura condicionado ao amor e; a experiência do amor, dura se valer a pena.
Fazer o casamento valer a pena, portanto, é de total responsabilidade de cada parceiro.
É natural que seja assim, uma vez que a prioridade de viver a dois não recai mais sobre o peso da norma e da tradição, mas sim, com o triunfo dos afetos e escolha dos próprios parceiros. 
Assim, casar ou manter um casamento por qualquer motivo que não o de agregar bem estar, deve ser analisada com carinho e todo o peso das consequências dessa escolha, já que acarreta em alterações, tanto boas quanto ruins, na qualidade de vida de cada um dos cônjuges e da família inteira.

Colaboração de Márcia Spada