Ex-médico acusado de estupro ficou “nervoso”, mas não resistiu à prisão, diz delegado

FOZ DO IGUAÇU – O ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por estupros e atentado violento ao pudor, foi preso ontem no Paraguai.
Abdelmassih estava foragido desde janeiro de 2011. Condenado em novembro de 2010, ele liderava a lista de procurados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
O delegado da Polícia Federal que acompanha o caso de Roger Abdelmassih, Marco Paulo Pimentel, disse em entrevista concedida à imprensa na noite de ontem que as investigações sobre o paradeiro dele começaram no último dia 11 e tiveram a colaboração das forças de segurança do Paraguai.
O ex-médico foi preso por volta de 12h30, em Assunção, capital do Paraguai. Segundo o delegado, ele não ofereceu resistência, mas ficou muito nervoso ao receber a voz de prisão. Ele foi encontrado quando saía de um estabelecimento comercial na capital paraguaia em companhia da mulher.
Segundo o delegado, Abdelmassih vivia muito bem com a família em Assunção, em uma casa com empregada e babá.
Abdelmassih iria passar a noite na delegacia da Policia Federal em Foz do Iguaçu (PR) e seguirá para São Paulo na manhã de hoje.
Roger Abdelmassih foi condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros cometidos contra 37 mulheres. Ele estava foragido desde janeiro de 2011. Condenado em novembro de 2010, liderava a lista de procurados da Secretaria da Segurança de Pública de São Paulo.
O promotor Luiz Henrique Dal Poz disse mais cedo que a Polícia Federal chegou ao paradeiro do ex-médico após cruzamento de informações da Promotoria e da própria PF. O Ministério Público investigava suposta lavagem de dinheiro praticada pelo médico, além de suposta falsidade ideológica e falsidade documental.
Roger Abdelmassih era um dos mais famosos especialistas em reprodução assistida do país.
O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do Abdelmassih, e revelado pelo jornal Folha de S.Paulo em janeiro de 2009.
Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.
As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do médico quando estavam sozinhas – sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.
Abdelmassih já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.

Investigação de lavagem de dinheiro
O promotor Luiz Henrique Dal Poz disse que a Polícia Federal chegou ao paradeiro do ex-médico Roger Abdelmassih após cruzamento de informações da Promotoria e da própria PF. O Ministério Público investigava suposta lavagem de dinheiro praticada pelo médico.
Segundo o promotor, durante a investigação de pessoas que ajudavam o ex-médico na fuga, surgiu a informação do paradeiro do médico, possivelmente na América do Sul.
Essa investigação apura, segundo ele, suposta falsidade ideológica, falsidade documental e lavagem dinheiro. "Passamos para a PF que é a destinatária legítima para esse tipo de atuação", disse Dal Poz.
"Felizmente, prevaleceu a Justiça. Prevaleceu o trabalho eficiente das instituições. Seja da polícia, seja do Ministério Público. Finalmente, ele vai poder, agora, completar o ciclo da verdadeira Justiça que ele foi investigado, processado e condenado. Agora, vai cumprir a pena que ele foi imposta. Este é o nosso desejo".