Exame de DNA confirma que menina de Loanda é a que desapareceu em 2014

O final da tarde de ontem foi de festa para a família Pereira no Jardim Morumbi, em Paranavaí. Os familiares souberam do resultado do exame de DNA confirmando que a menina adotada na região de Loanda é Heloísa Barbosa Moreno.
O material genético da criança foi confrontado com o da avó e da irmã. Heloísa desapareceu no dia 6 de janeiro de 2014 com a mãe Patrícia Barbosa Pereira. Na época ela tinha 20 dias de vida.
Nitidamente eufórica, Nice Barbosa dos Santos Pereira, mãe de Patrícia e avó de Heloisa, disse que a vontade era de sair gritando de felicidade ao saber o resultado do exame realizado pela Polícia Científica.
“Deus seja louvado. É muita felicidade que não cabe no meu peito. Esperei muito por essa resposta. Agora nasce a esperança de descobrir o paradeiro de minha filha. Os policiais terão um ponto de partida para solucionar o caso. Tenho certeza que ainda vou poder abraçar minha filha”, disse dona Nice.
Feliz e surpreso com o resultado, Diego Santos Barbosa Pereira, irmão de Patrícia, lembrou que o material genético foi colhido no mês de fevereiro. Ele esperaria completar cinco meses para ir até a Delegacia.
“Agora mais do que nunca acredito que teremos um final feliz para essa história. Com a graça de Deus um dia lembraremos de todo esse pesadelo tendo minha irmã e sobrinha do nosso lado”, comentou Pereira.
Diego já adiantou que nos próximos dias ele e sua mãe irão procurar o advogado da família para entrar com uma ação na justiça. O objetivo será conseguir a guarda da criança. O rapaz tem noção que ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas com a fé inabalável, ele crê na vitória e na possibilidade de poder ter a guarda da sobrinha.
INVESTIGAÇÃO – Dois anos, três meses e oito dias depois do desaparecimento de Patrícia e sua filha Heloísa, finalmente a polícia conseguiu um resultado concreto para a longa investigação.
Durante todo este período os policiais civis conseguiram judicialmente quebrar o sigilo telefônico de suspeitos. Realizaram exames com produtos (luminol) que indicam indícios de sangue em locais imperceptíveis aos olhos humanos. Foram em diligências a vários locais indicados por denúncias anônimas. Sem contar que refizeram inúmeras vezes os últimos caminhos conhecidos das desaparecidas.
Apesar dos esforços, de nada adiantou as incursões e em todo o período as investigações não evoluíram para uma prova concreta. Porém, o caso começou a ter uma guinada no ano passado.
O Conselho Tutelar de uma cidade localizada próxima a Loanda recebeu a denúncia que uma mulher não estaria grávida e teria aparecido com uma criança de colo. A suspeita foi até a Delegacia e prestou depoimento.
Na ocasião, a mulher alegou que teria feito inseminação artificial e que durante a gestação morou fora por causa do alto risco da gravidez. Sem comprovação da história apresentada, o delegado Luciano Purcino pediu a realização de um exame de DNA da criança para confrontar com o da suposta mãe.
Com o resultado negativo a história da mulher não teve sentido. Mesmo assim insistiu na versão. Na ocasião a menina tinha pouco mais de um ano e os investigadores de Loanda descobriram que para fazer a certidão de nascimento da criança a mulher usou documentação falsa dizendo que o parto aconteceu na residência.
A justiça retirou a criança de sua guarda e a mulher passou a responder inquérito policial. Porém, até então não havia nenhuma ligação do caso com o desaparecimento de Paranavaí.
Tempos depois a menina foi adotada por um casal e somente neste momento surgiu a possibilidade de a criança ser Heloísa. No mês de setembro do ano passado o delegado Gustavo Bianchi de Paranavaí pediu que o Poder Judiciário de Loanda autorizasse o confronto genético da criança com a avó e irmã da desaparecida, em Paranavaí.
A coleta do material das três pessoas só foi autorizado no início deste ano. Em fevereiro as amostras de sangue foram encaminhadas para Curitiba. Neste momento da investigação o delegado chefe, Luiz Carlos Mânica, pediu agilidade e na tarde de ontem pegou pessoalmente o resultado na capital do estado.
PATRÍCIA – Com a confirmação da identidade da criança a Polícia irá novamente colher o depoimento da mulher que estava com a criança. Ela deverá explicar porque mentiu e falar como conseguiu a menina ainda bebê.
O delegado adjunto de Paranavaí, Gustavo Bianchi, disse que a mulher é peça importante para elucidar toda a trama que já consumiu horas de investigação.
“A investigada terá que explicar como essa criança chegou até ela. É cedo e prematuro prever o que aconteceu ou onde a Patrícia está neste momento. Porém, agora temos um ponto de partida como nunca tivemos desde o início das investigações”, disse Bianchi.