Falência do Estado
Rogério Lorenzetti*
A intervenção do exército, como está acontecendo no Rio de Janeiro, é uma situação atípica que, levada a bom termo, pode ser um paliativo para a grave situação da segurança na cidade maravilhosa.
Imagens impactantes e notícias sobre roubos, estupros, latrocínios, assassinatos, dificuldades de locomoção das pessoas e cargas, têm sido a tônica do noticiário nacional denunciando a falência da segurança pública naquela metrópole, um dos destinos mais frequentados por turistas (nacionais e estrangeiros).
Tudo isso tem repercussão negativa na imagem do país, amedrontando populares, afastando visitantes e colocando em cheque as instituições que deveriam pôr fim à desordem vivida na nossa outrora cidade maravilhosa.
Mas o mais preocupante é a marginalidade se sobrepondo a figura do estado, refém de quadrilhas armadas até os dentes, com equipamentos militares de última geração, colocando em risco as forças de segurança que, acuadas, tem que se submeter à intervenção militar, mostrando a falência do aparato policial local, cuja incumbência de manter a ordem pública, se esvai na incapacidade logística, instrumental e até numérica para dar conta do recado.
Vivemos, no Rio, uma grave guerra civil não declarada, operada por fora da lei, com partes da cidade já dominadas pelas organizações criminosas.
O restante do país, atônito, espera o desenlace deste combate, torcendo para que nosso exército consiga dar cabo desta grave situação. Mas a solução definitiva passa por profundas mudanças institucionais, tendo em vista que o atual modelo não tem conseguido pôr fim a violência que grassa nas cidades brasileiras.
As cidades menores tem conseguido dar segurança relativa a seus habitantes, mas será uma questão de tempo para que a violência chegue até elas, com as consequências já conhecidas e o preço sendo pago (não raro em vidas ceifadas) com danos à integridade física das pessoas, ao patrimônio e funcionamento da economia como um todo.
Urge dar ao país novos rumos, tarefa que caberá aos eleitos em outubro, que devem ter o conhecimento, integridade e a isenção necessária para as medidas duras que terão de ser tomadas para colocar o Brasil de novo nos trilhos.
*Rogério Lorenzetti, ex-prefeito de Paranavaí, gestão 2009/2016