Falhas acendem alerta no setor elétrico

RIO DE JANEIRO – O apagão ocorrido anteontem em 12 Estados do país, devido ao um curto-circuito em uma subestação de Furnas, seguido de outro ontem em Brasília, por causa de um problema em uma linha de transmissão também de Furnas, acendeu o sinal vermelho no setor.
O receio é que esteja havendo um problema estrutural no sistema. Os dois incidentes seguem uma sequência de interrupções de energia causadas por falhas estruturais. Em 2009, 18 Estados ficaram sem energia; em 2011, o blecaute atingiu oito Estados do Nordeste, fato que se repetiu em setembro por falha de uma subestação da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco).
Para o presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema), Hermes Chipp, no entanto, o que aconteceu nos últimos dois dias poderia ter acontecido em qualquer lugar.
"Chama de apaguinho, fica melhor", disse Chipp aos jornalistas, explicando que o termo "apagão" vem sendo usado pela presidente Dilma Rousseff para se referir às panes no sistema elétrico e ao período de racionamento de energia ocorridos em 2001, durante o governo FHC.
Para especialistas, no entanto, apesar de não terem sido divulgados os motivos das últimas ocorrências, a manutenção dos equipamentos tem que ser investigada.
"Esse problema pode ser agravado com o programa de renovação de concessões anunciado pelo governo. As empresas só vão receber pelo custo de manutenção e isso pode comprometer a qualidade do serviço", afirmou o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, Nivalde de Castro.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, diz que os apagões mostram que o sistema é falho. "Hoje há sobra de energia, mas não capacidade para transmissão. As concessionárias terão problemas para investir com o modelo de renovação de concessão e o cenário de apagão vai piorar".