Família Bogoni comemorou 125 anos de imigração em Concórdia-SC

Cerca de 350 familiares participaram no último fim de semana em Concórdia-SC das comemorações dos 125 anos de imigração desde a Itália, no XV Encontro Nacional da Família Bogoni e Descendentes. O encontro foi realizado na sede social do Centro de Tradições Gaúchas Fronteira da Querência, o primeiro fundado fora do Rio Grande do Sul. O encontro em Concórdia foi realizado sábado (15) e domingo (16), ficando marcado o de 2017 em Mariópolis-SC.
Antes da celebração da missa Rejane L. Bogoni, uma das organizadoras do evento, leu a seguinte mensagem:
A família é uma árvore de amor – Existem no mundo diferentes famílias. Família grande, família pequena… Família com pai, mãe e filhos, família com casal e um cachorro, família com pai e filhos, família com mãe e filhos, família com dois pais ou duas mães, família em que os avós são os pais, família de sangue e família de coração.
A família é o amor que plantamos em solo fértil, com raiz forte e que cultivamos e cuidamos constantemente, para que brotem belas flores e bons frutos. Não é à toa que se compara a família a uma árvore. Afinal, o que é a família senão vários galhos unidos pela mesma raiz, e sustentados por um tronco comum, que precisa ser forte para suportar as intempéries da vida.
A família é feita de laços para durar. Não importa se é família de sangue ou de coração. O importante é que exista amor. As famílias de verdade são formadas por pessoas unidas, que se apoiam incondicionalmente, que querem o bem do outro, que se sacrificam reciprocamente sem pedir nada em troca, que celebram as conquistas e alegrias da vida juntas, e que oferecem os ombros como suporte para a dor e para o choro.
Há famílias que são planejadas, plantadas desde a primeira semente. Há famílias que brotam por acaso, em um solo pouco fértil. Mas as famílias realmente felizes são aquelas que nutrem a vida de amor

História da Família Bogoni – A história da Família Bogoni remonta ao século IV. Os Bogoni viviam na região da Sarmácia, sudoeste da Rússia, e eram de origem judia. A partir do século V com as tribos bárbaras chefiadas por Alarico ocuparam Verona e se estabeleceram na região de Sarmazza, perto de Monte Forte D´Alpone, na Itália. Depois Alboíno Longobardo trouxe para a região outros bárbaros bélicos e também ali se fixaram. Chamavam-se Borkovich, depois Burgundoni e depois Bogoni, que significa “pequeno caramujo”. Espalham-se hoje por quase 50 países com alterações sonoras e gráficas como Bagoni, Bugoni, Bugnoni.

História da Imigração da Família Bogoni – A história da imigração para o Brasil começa com os primos Giocondo di Francesco e Giuseppe Bogoni, com as respectivas famílias. Viviam em Monte Martre D´Alpone – Verona. Giocondo di Francesco, casado com Domênica Prá ou Daprando tinha cinco filhos: Luigi (1874), Palma (1879), Emílio (1880), Rosina (1881) e Virgínia (1882) (no Brasil teve mais quatro). Giuseppe, casado com Maria Rizzeto em 1885 tinha uma filha – Hermínia (1891). No Brasil mais oito: Roberto, Arthur, Angelo, Palmira, Assunta, Alberto, Ernesto e Emma. Na Itália viveram a juventude no trabalho dos vinhedos.
Em fins do século XIX, devido ao agravamento da crise econômica italiana e atraídos pela oferta de governos brasileiros, que fizeram  campanha para atrair mão de obra para substituir os negros libertos com a abolição da escravatura em 1888, com a promessa de uma terra cheia de oportunidades partiram de Monte Forte D´Alpone de trem rumo a Gênova, onde embarcaram em um navio de imigrantes  em 15 de agosto de 1891.
Chegaram ao Rio de Janeiro em 24 de setembro de 1891, permanecendo ali seis dias, hospedados na Ilha das Flores, até embarcarem em outro navio menor rumo a Montevidéu (Uruguai) e Buenos Aires (Argentina). Na parada no porto de Rio Grande-RS, onde chegaram em 15 de outubro, dois meses após a partida da Itália, desembarcaram e, num barco menor, seguiram até Porto Alegre-RS, onde ficaram na Hospedagem Charqueadas.
Alguns dias depois seguiram em frente em outro barco menor até a cidade de Montenegro e de lá em carroças, lombo de burro ou a pé até à Hospedagem dos Bugres, em Caxias do Sul. Após algumas semanas seguiram à procura de um lugar definitivo, e se instalaram na localidade conhecida como Linha Quarenta de La Cândida, hoje município de Antonio Prado-RS.  Giuseppe foi contemplado com o lote 21 na Linha 2 de Julho, com área de 325.250 m² e Giocondo com o lote 39 na Linha da Guerra, com área de 250.500 m², no então distrito de Antônio Prado-RS.
Ali estava tudo por fazer, pois nada lá havia, apenas mata virgem, porém, com trabalho árduo, coragem e fé em Deus venceram os desafios e prosperaram. Cerca de 30 anos depois de chegados ao Brasil os filhos se espalharam por outras regiões, pois as terras adquiridas na chegada – cerca de 20 hectares, já não eram mais suficientes para o sustento de todos. Seguiram então para Sananduva, Bom Conselho, Nova Bassano, Paim Filho, Tapejara, entre outros, no Rio Grande do Sul. Mais tarde outros seguiram para várias cidades de Santa Catarina, como Videira, Concórdia, Chapecó, Joaçaba. Outros seguiram depois para o Paraná e outros Estados.
Passaram-se 125 anos desde a chegada dos nossos primeiros antepassados. Cabe a nós cultuar sua história e nossas raízes. Nossa missão é nunca esquecê-los, cultuando em nossa memória sua história de luta e vida, jamais esquecê-los e acima de tudo sempre lembrar quem somos e de onde viemos.
É por isso que hoje estamos mais uma vez reunidos, para celebrar com alegria mais um Encontro desta grande e bela família. Quando temos a oportunidade de reencontramos muitos e conhecer outros e novos integrantes.
Que este nosso encontro nos proporcione alegrias por compartilharmos nossas vidas, assim como nossos antepassados demostraram com muita fé e esperança no Deus da Vida.