Familiares de presos denunciam maus tratos após rebelião

Um grupo de familiares iniciou ontem movimento para reclamar do que classificam de péssimas condições dos presos da Cadeia Pública de Paranavaí após a rebelião da última semana.
Os familiares foram ao Fórum da Comarca, onde permaneceram por alguns minutos, e depois se concentraram perto do acesso ao presídio. Eles prometem permanecer no local enquanto considerarem que a situação não esteja resolvida.
Os parentes afirmam que os presos são agredidos fisicamente e recebem comida azeda. Outras dizem que os detentos são expostos ao sol forte, permanecendo por várias horas.
Uma mulher apresentou o vídeo de um grupo mostrando um homem com queimaduras nas costas por conta do sol. A imagem teria sido feita pelos detentos e enviada via redes sociais.
Como este é o período das férias forenses, as mulheres foram recebidas pela promotora substituta que está de plantão. Segundo as manifestantes, uma promotora de justiça deve visitar a cadeia no dia de hoje.
Após o compromisso de visitação ao presídio, as mulheres foram para a frente da unidade. Portando cartazes, pedem o fim da violência contra os detentos, condições de higiene e o fim das agressões físicas, negadas veementemente pelos agentes penitenciários, ouvidos informalmente pelo Diário do Noroeste.
Um agente penitenciário ouvido pelo DN analisa que os presos estão fazendo pressão sobre familiares para forçar alguns benefícios, impossíveis no momento. Um desses benefícios é a visita, dificultada pela falta de estrutura e dificuldade de garantir a segurança.
Aliás, os agentes têm agido para retirar os telefones das mãos dos detentos. Segundo se apurou, foram 26 aparelhos recolhidos na sexta-feira e outros 17 neste começo de semana. Ainda restariam pelo menos 6 aparelhos.   
A CADEIA – Os agentes concordam, no entanto, que as condições pioraram com a rebelião, isso porque os presos estão concentrados em uma parte do presídio, enquanto a outra passa por limpeza e reformas. Presos dormem no chão e se revezam nos colchões que ainda restam.
Quando às denúncias, avaliam que se trata de pressão dos detentos sobre os familiares, passando uma situação que não confere com a realidade.
Sobre a rebelião, um agente detalhou sua impressão. Para ele, o objetivo dos líderes era fazer o motim e ganhar tempo para cavar um túnel. Tanto que, caso durasse mais algumas horas, os presos teriam conseguido terminar de cavar a saída por debaixo da terra. Ontem ainda era feito o trabalho para tapar o túnel com terra, pedra e concreto.  
O Departamento de Execução Penal – Depen – confirmou segunda-feira que três dos líderes da rebelião foram transferidos para Curitiba no último sábado. Não há previsão para novas transferências, embora não estejam descartadas.  
A rebelião começou por volta das 16h30 da última quinta-feira e acabou pouco depois das 14 horas da sexta-feira. Foram 22 horas de motim, resultando em muita destruição. As portas das grades de pelo menos duas alas foram arrancadas.
NOTA OFICIAL DO DEPEN – Diante das reclamações dos familiares, o Diário do Noroeste entrou em contato com o departamento de Execução Penal da Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Através da Assessoria de Comunicação Social, o Depen emitiu a seguinte nota:
“Os presos da Cadeia Pública de Paranavaí recebem alimentação e água normalmente. As marmitas são fornecidas pela Polícia Civil. Assim que chegam na unidade são conferidas, não havendo ocorrências nesse sentido (azeda). Todos os presos se encontram em local coberto e fechado. Foram retirados das celas ontem, apenas para procedimento de revista. Por fim, informamos que todas as denúncias serão apuradas”.