Federações de Indústria e CNI lançam projeto Sul Competitivo
O levantamento aponta que são necessários R$ 70 bilhões para investir em 177 projetos que podem destravar os nós logísticos e aumentar a competitividade do setor produtivo dos três estados. Desse total, 51 obras em ferrovias, rodovias e portos foram consideradas prioritárias, demandando investimentos de R$ 15,2 bilhões.
Se forem realizadas, elas evitarão gastos anuais de R$ 3,4 bilhões, o que equivale a 80% das perdas totais em função do déficit de infraestrutura de transportes verificados atualmente na região.
O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, destacou que boa parte dos projetos apresentados pelo Sul Competitivo tem condições de ser contemplada no Plano de Investimentos em Logística, lançado há duas semanas pelo governo federal.
“Agora é preciso um grande esforço das três federações do Sul, junto com os governadores e também com nossos congressistas, para definir quais são os melhores mecanismos para a gente reivindicar em conjunto essas obras, com urgência”, afirmou.
Campagnolo ressaltou ainda que várias das obras indicadas como prioritárias pelo estudo afetam diretamente o Estado. “Cerca de 40% a 45% desses projetos estão no Paraná, justamente por ser um meio de passagem para Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, disse.
“Mas o mais importante é que este trabalho foi realizado de maneira integrada. Não estamos olhando somente o Paraná, mas todo o contexto da região Sul, que responde por 17% da produção nacional. É necessário que esses investimentos em infraestrutura sejam feitos logo para aumentar nossa competitividade”, acrescentou.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirmou que, com o estudo em mãos, será criada uma força-tarefa multidisciplinar para buscar a viabilização das obras prioritárias para a região.
“Desenvolver a infraestrutura e a indústria brasileira é desenvolver o País. Nosso trabalho apenas começou, mas estou certo de que com esforço, energia e união atingiremos nossos objetivos”, disse.
A união de esforços foi destacada também pelo secretário de Estado da Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, que representou o governo do Paraná na solenidade em Brasília. “O momento é propício e, envolvendo a todos, vamos alcançar os objetivos que queremos, que são os investimentos em infraestrutura”, declarou.
Para o secretário, o projeto Sul Competitivo representa um “salto de qualidade” nos estudos de infraestrutura. “É um estudo muito bem feito e que mostra que os interesses dos três estados são muito parecidos, os objetivos são os mesmos”, elogiou.
O PROJETO SUL COMPETITIVO
O projeto Sul Competitivo faz parte de uma série de estudos elaborados pela CNI e as federações dos estados para identificar os gargalos em cada uma das cinco regiões brasileiras. O projeto Norte Competitivo foi o primeiro a ser divulgado. Nos próximos meses, o foco será as outras regiões – Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste.
O projeto, que tem o apoio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul (BRDE), foi feito pela consultoria Macrologística, que traçou o perfil, a movimentação e a condição de cada modal de transporte de cargas dos três estados da região.
Também foram avaliadas as condições da infraestrutura de transporte da Argentina, do Chile, do Uruguai e do Paraguai, para compreensão de como funciona a logística de escoamento dos três estados para os países vizinhos e para o mapeamento das oportunidades potenciais de maior movimentação de cargas. Foram estudadas ainda a realidade socioambiental e a geografia da região e elaborado o perfil das principais cadeias produtivas que utilizam a infraestrutura logística existente.
Foram feitas 180 entrevistas nos cinco países com representantes de associações produtivas, de empresas e de autarquias. O Sul Competitivo detalhou as cadeias produtivas nos segmentos agrícola, extrativista e industrial, que incluem 61 diferentes produtos e compõem 86% de tudo o que é produzido, consumido, importado e/ou exportado na região.
Com a análise das principais cadeias produtivas da região, incluindo a projeção de seu crescimento e seus respectivos fluxos de escoamento, foi possível identificar os principais problemas enfrentados para a movimentação de carga, bem como os gargalos futuros que virão com o aumento da produção até 2020, caso não haja investimentos na infraestrutura logística.
PRIORIDADES – No total, o projeto aponta 177 intervenções necessárias para destravar os nós da infraestrutura da região. Mas para acelerar a recuperação da infraestrutura de logística, no entanto, a proposta é que 51 destes 177 projetos sejam priorizados por gerarem maior competitividade para a região.
A sugestão é que seja criada uma força tarefa entre governos, iniciativa privada e terceiro setor para garantir que esses projetos, previstos em oito eixos prioritários, sejam viabilizados no curto e médio prazo. Juntos, demandariam R$ 15,2 bilhões em investimentos.
Apesar dos oitos eixos demandarem um investimento de apenas 22% do total, a recuperação deles evitaria gastos anuais de R$ 3,4 bilhões, o que equivale a 80% das perdas totais em função do déficit de infraestrutura de transportes verificados atualmente nos três estados. A estimativa é que as perdas logísticas nos 177 projetos equivalem a R$ 4,3 bilhões por ano.
USO ACIMA DA CAPACIDADE – Na região Sul, a quantidade transportada em, pelo menos, 15 rodovias do estado excede em mais de 100% a capacidade das pistas.
Em uma delas, a BR-116, que liga Curitiba a São Paulo, o excedente passa de 300% e, se nada for feito nos próximos anos, em 2020, o volume que será transportado vai ultrapassar em quase 500% o limite previsto. Esse é apenas um exemplo das deficiências da região na área de infraestrutura.
Por utilizar mais do que a capacidade dos meios de transporte permite, o custo da região tende a subir consideravelmente. A estimativa é que se os investimentos não forem feitos, o custo logístico de transportes da região Sul, que em 2010 foi de R$ 30,6 bilhões, vai chegar a R$ 47,8 bilhões em 2020.
Projetos considerados prioritários compõem oito eixos de integração de transportes
Os 51 projetos considerados prioritários compõem oito eixos de integração de transportes. Cinco são eixos rodoviários já existentes. Os outros três são novos eixos que devem ser desenvolvidos, sendo dois ferroviários e um rodoviário.
Para chegar aos oito eixos, foram avaliadas as obras necessárias para a modernização, implementação e ampliação de cada eixo intermodal, os custos de cada uma, o prazo de retorno sobre o investimento, o impacto no meio ambiente, os benefícios sociais, a geração de tributos e de empregos, além do desenvolvimento regional em função de cada projeto e de cada eixo de integração.
Eixos já existentes:
– Eixo de Integração Atual da Rodovia SP – Porto Alegre via BR-116
– Eixo de Integração Atual Rodoviário SP – Caxias do Sul via BR-101
– Eixo de Integração Atual Rodoviário Passo Fundo – Imbituba via BR-285
– Eixo de Integração Atual Rodoviário São Miguel do Oeste – São Francisco do Sul via BR-280/282
– Eixo de Integração Internacional Atual Rodoviário São Paulo – Buenos Aires via São Borja, BR-285 e BR-153
– Cinco são eixos rodoviários já existentes. Os outros três são novos eixos que devem ser construídos, sendo dois ferroviários e um rodoviário.
Novos eixos:
– Novo Eixo de Integração da Ferrovia Norte-Sul – Trecho Sul
– Novo Eixo de Integração Ferroviário Guairá – São Francisco do Sul – Paranaguá via Anel ferroviário no litoral e serra
– Novo Eixo de Integração Rodoviário da Boiadeira Porto Camargo – Paranaguá via Campo Mourão e BR-487