Felicidade: Sentimento Inviolável

Existem pessoas que acreditam que a vida seja a arte de administrar problemas, permeada com raros momentos de felicidade.
Parece que essas pessoas se habituaram a associar felicidade a resolução de problemas, não se permitindo desfrutar de momentos de bem-estar.
São pessoas certamente admiráveis e responsáveis pela manutenção da base sobre a qual caminham tantos outros que infelizmente apenas usufruem.
Essas pessoas não percebem que construir e oferecer essa base é louvável, mas acabam por se esgotarem, enquanto os outros desfrutam sem adquirir o peso da densidade da vida.
Pessoas sem densidade de vida caminham como uma presa feliz no campo, preocupadas em “comer, rezar, amar” e solucionar inocentemente os problemas do mundo por meios que não lhe exponham a qualquer desconforto pessoal. 
Pessoas que vivem por conveniência ao sabor da sorte e da fé oportunista, que parecem ser atributos menos valiosos do que se preparar para tomar as rédeas da própria vida.
Essa postura, via de regra, é incentivada por nossa sociedade que vive uma verdadeira compulsão: associar felicidade a uma única fórmula de sucesso: obtenção de bens de consumo. 
Certamente, o esforço na luta para se conquistar uma confortável moradia, saúde assegurada, um carro seguro, lazer, viajar, boas escolas etc., é uma meta saudável e responsável, que demonstra preocupação com a qualidade de vida e carinho para com a família.
A distorção se revela ao colocar exclusivamente esses bens de consumo, como única meta que uma vez conquistada, se obtém a idealizada felicidade.
Modelo perigoso por associar felicidade aos bens de consumo, obtidos pela mágica da indústria cultural. Felicidade se conquista assim, facilmente pelo consumo.
A preocupação com o estado de felicidade deve estar muito mais associado a uma vida interessante, com motivação e admiração pelas lutas e conquistas diárias. 
Pelo prazer nos detalhes das pequenas ou grandes conquistas.
Quem sabe… Felicidade seja um bem de consumo interior, almejado por aqueles que valorizam uma vida com conforto, porém perceberam que os momentos de profunda integração de bem-estar consigo mesmo, só se conquista com os óculos da alma.

Colaboração de Márcia Spada