Fiep apoia empresas e sindicatos industriais na gestão das relações trabalhistas
CURITIBA – A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) realizou na terça-feira o primeiro encontro de participantes do Grupo de Apoio Sindical (GAS).
Criado no ano passado pela Fiep, o GAS realiza treinamentos com o objetivo de auxiliar as empresas na melhoria de seu ambiente interno e no relacionamento com os colaboradores, a fim de garantir melhores condições nas discussões de questões trabalhistas.
Durante o encontro, foram apresentados os casos da Brose do Brasil e da Fiat Automóveis, dois exemplos bem-sucedidos de gestão de recursos humanos.
Participaram do evento presidentes e executivos de sindicatos industriais, além de empresários e gestores de recursos humanos que passaram por capacitações do GAS – ao todo, 84 empresas já foram atendidas pelo grupo.
O gerente da Central de Relações com Sindicatos e Coordenadorias da Fiep, Milton Bueno, explica que o grupo foi criado atendendo a uma solicitação das instituições sindicais filiadas à Federação, que pediam um maior apoio da entidade em questões trabalhistas.
“Precisamos atrair nossos colaboradores para que sejam nossos parceiros e temos muitos exemplos bem-sucedidos nessa relação entre empresas e seus trabalhadores. É importante que cada vez mais possamos praticar isso nas indústrias”, afirmou.
O consultor Marino Rodilha – que ministra os treinamentos do GAS junto com Roberto Karan, outro especialista na área – afirma que a atuação do grupo não está focada unicamente no momento da negociação de acordos ou convenções coletivas entre empresas e trabalhadores. “Esse é apenas o fim do processo.
O que mostramos é que as empresas precisam trabalhar todo esse processo, adotando ações que mudem o cenário antes da negociação”, declarou Rodilha. Ele explica que entre os pontos abordados nas capacitações do GAS estão o planejamento em relações trabalhistas, a comunicação entre empresa e colaboradores e o relacionamento com o poder público.
EXEMPLOS – No primeiro encontro de participantes do GAS foram apresentados dois casos de grandes empresas que já adotam estratégias bem-sucedidas de gestão de recursos humanos e, assim, reduzem os conflitos nas relações trabalhistas.
O primeiro foi o da Brose do Brasil, multinacional de autopeças que emprega 750 funcionários em sua fábrica de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
A gerente de recursos humanos da empresa, Georgia Rassi, explica que as iniciativas adotadas têm como objetivo aumentar o nível de comprometimento dos trabalhadores. Entre elas, ações que ampliem a integração entre os colaboradores e algumas que envolvam também seus familiares.
A empresa inclusive mantém, junto a sua sede, um edifício social voltado para momentos de lazer e descontração dos trabalhadores. “Esse local sempre está cheio, o que quebra bastante os entraves que existem nas relações do dia a dia. Todo mundo tem uma interação no lazer e isso se reflete nos resultados da empresa”, disse Georgia.
Segundo ela, no entanto, outros dois aspectos são importantes para criar uma relação de confiança entre a empresa e seus colaboradores. Um é o fato de que a gestão de pessoas não é um assunto exclusivo do departamento de recursos humanos. “O RH é um agente facilitador, mas o tema é tratado como importante por todo o primeiro escalão da companhia. Isso faz uma grande diferença”, explicou.
O segundo é a comunicação direta e transparente com os colaboradores. “Isso não precisa ser feito por meios sofisticados. Quando temos algo importante para comunicar, se necessário até paramos a linha de produção por alguns minutos para conversar com os colaboradores”, contou.
A reinvenção de formas de comunicação e diálogo entre empresas e colaboradores também foi destacada como fundamental pelo gerente de recursos humanos da Fiat Automóveis, André Lorenzini. “As pessoas querem saber o que está acontecendo ou o que vai acontecer com elas, com suas famílias, com a empresa. Mas é preciso sempre contextualizar o discurso para o funcionário. E isso não se faz uma vez ao ano, mas tem que ser um exercício diário”, disse.