Fim do prazo para se adequar

Termina no dia 3 de março o prazo para os avicultores se adequarem a novas regras de biosseguridade estabelecidas pela Instrução Normativa (IN) nº 08/2017 (ver box na página 14). O instrumento alterou outras normativas que tratavam do mesmo assunto. 
A maioria dos produtores de aves do Paraná já cumpre essas exigências desde antes mesmo de ser publicado o texto de 2017. No entanto, ainda há casos em que são necessárias obras nos barracões e no entorno e a adoção de alguns procedimentos para cumprir plenamente os pedidos da nova IN.
A partir da data limite (3/3) quem não estiver em dia com todas essas exigências ficará impedido de obter o “Registro Avícola Comercial”, junto a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Esse “cadastro” é essencial para alojar animais. 
Caso a propriedade não conste nesse sistema, a empresa de onde saem os frangos para o alojamento não poderá emitir a chamada Guia de Trânsito Animal (GTA), ou seja, o transporte do lote ficará impedido.
O fiscal Cassiano Kahlow, da Adapar, reforça que apesar de o prazo soar como algo drástico, o cumprimento de medidas determinadas em instruções normativas é uma rotina aos produtores. 
“O foco do registro é aumentar a biosseguridade no estabelecimento. Entende-se obrigatório porque a avicultura brasileira está em destaque mundial. Não há hoje como trabalhar sem essas regras”, defende.
O especialista da Adapar ressalta que até 2016, 30% dos barracões do Estado tinham sido registrados. Já em 2017, esse número saltou para mais de 80% dos aviários paranaenses. Segundo Kahlow, o ritmo de pedidos de registros se intensificou justamente com a publicação da nova IN e a incidência de problemas sanitários em outros países. 
“Os focos principalmente de influenza aviária nos Estados Unidos em 2014 e 2015 acenderam um alerta e a cobrança para aumentar ainda mais o controle sanitário foi intensa”, lembra.
O Paraná é um dos Estados que está mais avançado em relação ao cumprimento de exigências em termos de sanidade. Reflexo disso é que recentemente o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) também tem constatado um aumento no requerimento de registro dos estabelecimentos avícolas. 
Segundo a pasta, esse é um sintoma de que as adequações em biosseguridade estão em dia.
BIOSSEGURANÇA NÃO É FACULTATIVO – A médica veterinária do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP Ariana Weiss Sera lembra que a IN 08 é uma entre várias que foram estabelecidas nos últimos anos. 
Pelo menos há uma década se fala em fazer adequações em propriedades avícolas e esse é um assunto bem encaminhado no Estado. “Podemos dizer que pelo número de granjas que temos no Estado, idade média das estruturas e nossa representatividade na produção estamos bastante adiantados em relação a outros Estados”, avalia.
Ariana reforça que um controle sanitário bem feito reflete diretamente na rápida resposta a qualquer emergência nesse sentido que possa surgir. “Essa é uma questão que precisa ser levada muito a sério, porque faz parte da primeira frente de combate a possíveis problemas, que podem rapidamente pôr em risco o plantel avícola e a economia paranaense como um todo, por consequência”, alerta.
EXEMPLO QUE VEM DA GRANJA – O produtor rural e avicultor Carlos Sérgio Bonfim de Andrade, de Castro, nos Campos Gerais, sabe bem qual é a sensação de ter feito o dever de casa. Desde que começou na atividade, há 12 anos, mantém em dia todos os seus aviários conforme as Instruções Normativas que vão sendo publicadas. 
“Nosso frango é 100% exportado, então a questão é simples: ou está 100% de acordo ou não exporta e é prejuízo. Essa é uma questão primordial para nós”, explica.
Andrade, no entanto, pondera que o investimento para manter tudo em dia é a parte que mais pesa. “Sabemos da importância disso, não esperamos passar o tempo para ‘sofrer’ o fato de ter que fazer, mas quem sofre nesse caso é o bolso. Ao mesmo tempo, não tem o que questionar, é necessário fazer e pronto. Recebemos o apoio da integradora, a Adapar vem fiscalizar se está de acordo e aqui para nós funciona bem”, relata.  O avicultor Jhovan Meurer Potrich, de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, concorda que IN é para ser cumprida e que as exigências são favoráveis à cadeia como um todo. “Tem muito produtor que acha que o prazo deve ser prorrogado. Eu acredito que o prazo foi suficiente e que o que está sendo exigido é o mínimo que um aviário tem que ter”, opina. “O que a gente não pode confundir é que muitas vezes o custo disso não é compatível ao produtor e ele acaba não sendo remunerado por isso”, relativiza.  Porém, Potrich diz que se for colocar outros aspectos na balança, investir em biossegurança é algo que vale a pena. “Tenho o negócio com dois irmãos e estamos na atividade há quase sete anos, desde o início sempre construímos tudo dentro das normas sanitárias. Nós nunca tivemos nenhum histórico de salmonela, por exemplo, e isso para mim conta muito. Qualquer tipo de interferência dessa natureza pode prejudicar muito, até mesmo inviabilizar um projeto”, assinala. “Mas acredito que mesmo que não tivesse construído já dentro das normas, o prazo teria sido suficiente para fazer as adequações”, completa. (Fonte: Revista Sistema Faep)