Foi-se o capital
Dos políticos paranaenses, o governador Beto Richa é o mais jovem a se eleger para diversos cargos em Curitiba e no Estado. Perde apenas para Jayme Lerner e Roberto Requião, isto porque o primeiro reinou tranquilo com duas governanças e três prefeituras da capital.
Já Requião foi deputado, prefeito e senador por duas vezes, além do recorde de eleição para o Governo, três. Pode-se dizer que nada mais fez a não ser disputar e eleger-se. Só não foi vereador, deputado federal e vice qualquer coisa. Também não foi ministro, talvez porque o seu temperamento não combine com funções na Esplanada dos Ministérios.
O governador Beto Richa vem com uma carreira brilhante, vereador, deputado, prefeito da capital e governador reeleito. Pois eis que chega em abril, poucos dias, e perde seu capital político conquistado, com sobras em diferentes pleitos. Não foi derrotado pelos professores. Foi isto sim, incapaz e bisonho no trato e no relacionamento com classes e lideranças. A Polícia Militar agiu de tal forma equivocada que se pode dizer que a ação foi no todo, uma “burrice cavalar”.
O capital político do governador se foi, como destacaram todos os veículos, rádio, TV, jornais e revistas. Coube ao Paraná manchete mundial, empanando os feitos do Lava Jato e a atuação extraordinária da Polícia Federal e o Ministério Público. Ainda há pouco foi destacado na imprensa o “isolamento” de Richa, o crescimento do número de deputados contrários ao Governo, tudo resultando na perda do capital político.
A cadeira de Senador, pleito que seria tranquilo em 1918, parece agora muito distante. Seguro mesmo, talvez uma cadeira na Câmara Federal, fato que, em outros estados já ocorreu para governantes que sentem a popularidade escorregar pelas mãos.
Claro, ainda há tempo. Beto Richa tem três anos úteis até o afastamento do Governo em 1918, justamente em abril. Que não seja na ultima semana, pois seria aziaga. Um político, nas circunstâncias em que se encontra Richa, já estaria com contrato assinado com um instituto de pesquisas para monitorar-lhe os passos doravante. Veja ele e todos os interessados que a presidente Dilma Rousseff está passando por séria crise, não tendo nem coragem para aparecer no Rádio e na TV para um tradicional pronunciamento no dia 1º de Maio.
Ora, acredita-se que a Presidente da República já melhorou de posição e que uma pesquisa a apontaria, hoje, em recuperação. Se esta estimativa é correta, o mesmo se pode dizer de Richa. Hoje, não. Há que se dar um tempo, até longo. E para tanto é necessário que o jovem governador se livre de alguns auxiliares, troque-os por administradores e políticos dados ao diálogo, uma coisa que se pratica na democracia. Que procure os professores e tantas classes que sejam necessárias. E reabra as conversações. Pedir desculpas não é humilhante, é uma atitude digna e usual na pratica do nosso dia a dia.
O que se viu no Centro Cívico, vamos repetir, é de uma “burrice cavalar”. Alguém tem que pagar. Richa está pagando. Mas alguns auxiliares precisam cerrar fileiras junto ao líder do PSDB paranaense. Beto Richa pode dispensar alguns de seus auxiliares, mesmo que sejam amigos, estes deverão entendê-lo. Ou então o povo poderá dispensá-lo em pouco tempo, encerrando uma carreira até então em ascensão.