Formigas cortadeiras geram prejuízos para culturas típicas da região Noroeste

Dez formigueiros adultos podem cortar até 30 quilos de pastagem por dia. O prejuízo provocado pelas formigas cortadeiras não afeta somente a pecuária, mas também as plantações de eucalipto, cana-de-açúcar e laranja, atividades fundamentais para a economia da região Noroeste do Paraná.
Trata-se de uma grande preocupação para produtores e técnicos rurais, um assunto que tem sido debatido ano a ano. Mesmo assim, as soluções práticas e eficientes ainda parecem distantes. Pensando nisso, o Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) promoveu ontem um seminário que reuniu representantes de toda a Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (Amunpar).
O engenheiro agrônomo Luiz Renato Barbosa, fiscal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), explicou que entre agosto e setembro acontecem as revoadas, período em que as formigas têm maior potencial de propagação. Segundo ele, na região Noroeste as espécies mais comuns são as saúvas pardas e as quenquéns.
Também engenheiro agrônomo e fiscal da Adapar, Paulo Sérgio Bulguerolli afirmou que é preciso investir em ações de prevenção e combate às formigas cortadeiras. “O problema sempre existiu, por isso, estamos movimentando toda a região para mostrar a necessidade e a obrigatoriedade de controlar a praga”.
CONTROLE – Ao longo do dia foram ministradas diferentes palestras. Uma delas, sobre o controle das formigas, foi proferida pela professora Aldenise Alves Moreira. Ela é engenheira agrônoma, doutora em proteção de plantas contra formigas cortadeiras e pós-doutora na arquitetura dos formigueiros.
Ela informou que um ninho adulto pode chegar a oito metros de profundidade e ter 7.000 câmaras, abrigando aproximadamente 3,5 milhões de formigas operárias. “Um ninho maduro produz anualmente de duas mil a três mil fêmeas aladas e cada uma delas gera um novo ninho. Uma rainha pode viver por 15 anos”.
A forma ideal para controlar as formigas cortadeiras é a aplicação de químicos seletivos, ou seja, produtos que têm efeito exclusivamente sobre os ninhos. Muito utilizadas, as iscas tóxicas também são eficientes no combate às operárias.
De acordo com a palestrante, não é possível calcular qual distância uma fêmea alada percorre até criar um novo ninho, por isso, a prevenção deve ser feita de forma conjunta: produtores e comunidade. “As formigas não respeitam limites. Se tem um ninho na propriedade é preciso eliminar, para que elas não se espalhem”.