Foster diz que “não existe operação 100% segura”

BRASÍLIA (Folhapress) – A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou ontem que "não existe operação 100% segura" ao se referir à polêmica compra da refinaria de Pasadena (EUA) e defendeu a posição da presidente Dilma Rousseff de que o resumo executivo que baseou a aquisição era incompleto.
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos no Senado, Foster criticou o resumo executivo apresentado pelo então diretor da área internacional da Petrobras ao conselho de administração da estatal, presidido na época por Dilma.
"Esse foi um resumo executivo sem citação a duas cláusulas contratuais completamente importantes. O valor autorizado pelo conselho [para a transação] foi de US$ 359,2 milhões. Quando fazemos uma apresentação ao conselho de administração e tratamos o resumo executivo, ele deve conter todas as informações necessárias e suficientes para a devida avaliação do que se pretende fazer. Além disso é obrigação de quem leva para a diretoria apontar os pontos fracos e frágeis. Não existe operação 100% segura, imagino que em nenhuma atividade comercial e certamente não existe na indústria de petróleo e gás", afirmou a presidente da estatal.
Ela, porém, voltou a defender que, naquele contexto, a aquisição da refinaria, feita em 2006, era vantajosa. "No ano de 2004 nós não tínhamos o pré-sal, não tínhamos o pós-sal e não tínhamos a previsão de aumentar o parque de refino do Brasil. A orientação dada pelo conselho de administração foi que ampliássemos as atividades de refino fora do Brasil para que endereçássemos a produção de petróleo do campo de Marlin, um óleo pesado", disse Graça Foster.
No depoimento, Foster relativizou o preço pago por Pasadena, comparando o valor total investido, de US$ 1,25 bilhão, com aquisições similares de outras refinarias no exterior.
Seu depoimento teve o objetivo político de tentar adiar o início de uma CPI no Congresso, em ano eleitoral, para investigar irregularidades na Petrobras. No caso de Pasadena, há suspeitas de superfaturamento sobre os valores pagos para a compra da refinaria.