Fuga de presos expõe superlotação e necessidade de um presídio em Paranavaí
A fuga de cinco detentos da Cadeia Pública de Paranavaí, anteontem, expõe um problema antigo da unidade: a superlotação. Ontem pela manhã, 275 presos dividiam o espaço onde deveriam estar apenas 96 (número de camas).
Com tanta gente, aumenta o risco de rebeliões e tentativas de fuga, muitas frustradas pela equipe de agentes penitenciários que atua na cadeia paranavaiense.
Ontem, atualizando informações ao Diário do Noroeste sobre número de presos (o DN usou a expressão “rotineiramente mais de 200 detentos dividem o mesmo espaço” e não a lotação do dia), o delegado Vagner dos Santos Malaquias destacou a importância de a população ter consciência da superlotação.
Alerta que quando se fala em construção ou ampliação do número de vagas, a reprovação é imediata. No entanto, quando o Poder Judiciário promove mutirões carcerários para diminuir o problema, a censura é idêntica. "Me parece um tremendo paradoxo”, lamenta.
Ele continua advertindo que sem vagas a única solução acaba sendo soltar alguns presos, o que avalia ser “muito mais prejudicial à sociedade do que a ampliação da cadeia ou construção de uma nova unidade prisional na cidade ou na região”.
Todos os dias chegam novos presos e alguns ganham a liberdade. O ingresso diário é normal porque, de acordo com o delegado-chefe da 8ª Subdivisão Policial de Paranavaí, Luiz Carlos Mânica (em declaração no mês de julho), os trabalhos de investigação seguem normalmente, bem como as prisões em flagrante e cumprimentos de mandados.
Como se trata de problema antigo, a busca por solução também se arrasta há anos.
No mandato do ex-prefeito Rogério Lorenzetti a cidade de Paranavaí teve amplo debate sobre a construção de um presídio. A sociedade se dividiu com argumentos favoráveis e contrários.
Por fim, sem a convicção da comunidade, Paranavaí foi descartada para receber uma das unidades a serem construídas e outras cidades receberam os presídios.
CÂMARA DE VEREADORES – Em julho deste ano, quando a lotação chegou a 273 detentos, a Câmara de Vereadores aprovou requerimento pedindo informações à Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária.
O vereador Lucas Barone (PMDB), autor do requerimento, informou ontem que falou com pessoas da pasta e a correspondência foi enviada, sugerindo, entre outros tópicos, medidas imediatas para redução do número de detentos na unidade.
Porém, até então não recebeu resposta ao ofício da Câmara. Barone defende o debate sobre a necessidade de construir o presídio.
Dados apontam que o problema poderia ser menor se os condenados com sentenças judiciais fossem transferidos para unidades prisionais específicas visando o cumprimento das penas impostas pelo Poder Judiciário.
Em julho quase 60% do total de presos não deveriam permanecer encarcerados na unidade de Paranavaí, que não possui estrutura adequada para o cumprimento de sentença.