Gaeco investiga irregularidades em licitações em Diamante do Norte

Policiais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) fizeram uma ação ontem de manhã na Prefeitura de Diamante do Norte. Foram apreendidos vários documentos.
O Gaeco investiga um esquema de desvio de recursos na compra de combustível e no trabalho de tapa-buracos realizados nas gestões dos ex-prefeitos Valdir Aparecido Martins e Pedro Edvaldo Ruiperes Selani. “O posto de combustível que prestava serviços para a prefeitura funcionava como um caixa bancário, onde requisições eram trocadas por combustível, dinheiro e outros produtos. Já a empresa de pavimentação recebeu pelo trabalho, mas nunca executou a obra”, afirmou o promotor Laércio Almeida.
De acordo com a informação passada pelo Gaeco, o esquema de desvio de dinheiro público funcionava abertamente na prefeitura, beneficiando uma pequena parte da população que apoiava os gestores.
“Até um ´mensalinho` foi instituído discretamente pelos vereadores, através das requisições de combustível”, afirmou o promotor, acrescentando que as investigações irão apontar mais pessoas responsáveis pelo esquema.
Só para se ter uma ideia da desproporção na compra de combustível, antes da exigência do TCE (Tribunal de Contas do Paraná) em 2011 da apresentação do diário de bordo dos carros da prefeitura, os valores gastos com combustível, anualmente, eram entre R$ 1,2 milhão a R$ 1,7 milhão.
“Vou fechar o ano com menos de R$ 300 mil em gastos com combustível, isso com a frota maior e com aumento dos serviços”, afirmou o atual prefeito Daniel Domingos Pereira. “Só o carro do gabinete (caminhonete) enchia o tanque diariamente”, completou o promotor.
Após a exigência do diário de bordo dos carros públicos, de acordo com a promotoria, o esquema de desvio de dinheiro público migrou para o trabalho de tapa-buracos, onde em somente duas licitações foi desviado R$ 1,050 milhão. Um trabalho foi licitado em 25/05/2012 e outro em 23/10/2012.
“As empresas envolvidas também são alvos de investigação do Gaeco, a empresa de pavimentação recebia o pagamento aditivado no máximo que a lei permite, e antes mesmo da publicação em diário oficial era feito o pagamento”, afirmou o promotor com documentos em mãos que comprovam o esquema.
Os peritos do Gaeco também avaliaram outros setores na cidade que, supostamente, teriam recebido os serviços de tapa-buracos e recape sem o cumprimento do que exigia o edital de licitação.
“Os vereadores e a população me cobram por melhorias na malha asfáltica. Se tivéssemos os mais de R$ 1 milhão desviado dos cofres da prefeitura, já teríamos tapados mais de 70 mil buracos, o que certamente daria para fazer com esse dinheiro”, destacou o prefeito Daniel.
O Gaeco também deve investigar os vereadores das gestões anteriores, já que não fiscalizaram devidamente o emprego dos recursos públicos no município. Dos atuais vereadores, sete foram reeleitos.